segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Será que é possível ajudar o futebol brasileiro

Saiu há pouco a decisão do STJD sobre o caso da Portuguesa e Fluminense: surpreendendo apenas os sonhadores, como é meu caso, a Portuguesa foi rebaixada para a Série B e o Fluminense foi alçado novamente à Série A, embora a posição dos times no campeonato fosse a inversa.

Neste caso, houve algum problema entre a suspensão de um jogador da Lusa, na sexta-feira, no mesmo tribunal, e a comunicação desta suspensão para a comissão técnica da Portuguesa, que escalou o jogador para jogar por alguns minutos na última partida do campeonato, no domingo, e que não valia nada para o time, sem saber que o jogador não tinha condições de jogo.

A punição sofrida pela Portuguesa foi a perda de 4 pontos. Algumas pessoas diziam que ela deveria perder estes pontos no próximo campeonato, pra não ter uma decisão extracampo que influenciasse no resultado de um campeonato já finalizado, outros defendiam que, por ser uma partida já sem influência em outros resultados, que ela deveria ser apenas multada.

O que parece, olhando o caso como um todo, é que pesou a mão grande contra um time pequeno. Se um clube grande estivesse em uma situação semelhante, é bem provável que a decisão fosse outra. Não parece ser o caso de pau que bate em Chico e que bate também em Francisco.

Mas o que o cidadão comum, que gosta de futebol, mas que não aguenta mais que os resultados obtidos dentro de campo sejam mudados nos tribunais, pode fazer para tentar ajudar a mudar esta situação? Aquele mesmo cidadão que detesta ver as cenas de selvageria em que se transformam as brigas de torcidas nos finais de campeonato, com risco de rebaixamento, ou nas brigas agendadas pela internet, o que pode fazer?

A única ciosa que enxergo, neste caso, é mexer no bolso dos que organizam o futebol. E o principal ponto que, se perceber que o futebol começa a ser menos rentável, pode ajudar na mudança, é a Rede Globo, que tem enorme influência na organização do mesmo. E há algumas maneiras de mexer com o bolso da Globo:
  1. Cancele seu pacote de pay-per-view, se você tiver um. Isto mexe diretamente com a receita de futebol da Globo. E é algo bem simples de fazer: com um telefonema você resolve isto, e ajuda a mostrar que não está satisfeito com os rumos que o futebol está tomando.
  2. Pare de assistir o futebol na TV. Nem que seja para parar de assistir na Globo, se você não aguentar assista em outro canal - normalmente a Bandeirantes passa o mesmo jogo. Ajude a Globo a perceber que perdeu audiência pois ninguém gosta de ver algo que vai ser mudado depois.
  3. Pare de frequentar estádios: a coisa mais chata é ver um jogo de futebol sem torcida, e é mais uma maneira de demonstrar sua insatisfação com o tema. Isto também vai influenciar nas transmissões.
Pra quem gosta é mais difícil dar menos atenção ao tema, mas se não houver rejeição por parte da sociedade, quem manda e desmanda hoje vai continuar agindo assim, na maior cara de pau. E a rejeição proposta acima é bem light, mas talvez seja a que mais produza efeito.

Abraços de quem está com o saco cheio das viradas de mesa,

Henri Coelho

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Waze - a nova geração do GPS

Nas grandes cidades é cada vez mais comum o uso de aparelhos de GPS para facilitar os deslocamentos: afinal de contas, a época dos Guias de Ruas, mais difíceis de se procurar e que se desatualizavam com frequência, já passou há tempos. Ainda se vê um outro guia com algum taxista que não aceita a modernidade, mas isto é cada vez mais raro.

Atualmente tenho experimentado usar um aplicativo no celular que vai fazer com os aparelhos de GPS o que este fez com os Guias de Ruas: manda-los para a aposentadoria. Neste caso, mais precocemente.

Trata-se de um aplicativo chamado Waze. Este aplicativo usa a base de mapas do Google e adiciona um pequeno detalhe a ela: os dados de trânsito. Estes dados vem de outros usuários, do mesmo aplicativo, e se referem à posição de trânsito no trajeto que você vai percorrer. E o algoritmo que decide qual o melhor caminho não considera, como todos os GPS, apenas a velocidade máxima das ruas e avenidas para lhe levar no menor tempo teórico ou com a menor distância percorrida; na verdade, ele sempre considera o melhor tempo se baseando nos dados de trânsito informados pelos outros usuários, os Wazers.

Isto faz com que, ao contrário da geração anterior, ele possa lhe sugerir um caminho diferente a cada dia. E isto lhe economiza tempo, para percursos maiores, em 90% das vezes.

Ele não é infalível, está longe disso. Depende das informações prestadas pelos outros usuários do aplicativo. Além disso, depende de uma conexão de dados sempre presente, para que possa trazer as condições de trânsito de cada via e enviar seus alertas de trânsito para os outros Wazers. Mas o resultado final, e a economia de tempo (e combustível) vale muito a pena.

Para instalar este aplicativo você precisa de um celular (smartphone) não muito antigo, com sistema operacional Android,  iOS ou Windows Phone, antena de GPS no celular, conexão de dados e uma vontade mínima de aprender a usar algo novo. Ele é bastante intuitivo, e sem medo de explorar seus poucos menus você começa a navegar pelo melhor caminho, e a colaborar com outros usuários citando as condições de trânsito, acidentes, radares e até bloqueios policiais por onde você passa. É a colaboração com o melhor retorno pra todos. Algo impensável no tempo dos velhos e já antiquados GPS.

Abraços,

Henri Coelho

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Algumas estratégias de aplicação na bolsa de valores

Ao longo do tempo e de várias conversas com amigos e conhecidos, fui colecionando algumas estratégias que as pessoas seguem para aplicação de dinheiro na bolsa de valores. Não acho que exista alguma estratégia 100% segura, ou 100% certa, mas são abordagens diferentes que vale a pena conhecer.

A primeira abordagem é a de comprar e esquecer: o comprador normalmente vê que a empresa é sólida, tem bons fundamentos, e compra as ações, deixando-as esquecidas em sua carteira. Se há disciplina, o que é difícil, ele compra com periodicidade e vai montando uma carteira com foco em dividendos futuros, em valorização futura. Não importa pra ele se isto demorar meses ou anos a fio, as ações são olhadas de vez em quando e continuam sendo compradas e não vendidas.

O que é ruim nesta abordagem: o custo da oportunidade. As ações flutuam muito de preço ao longo do tempo, e as vezes ficam "andando de lado" por um tempo, sem valorizar nada. Pode ser melhor negócio vender as ações após alguma valorização, mesmo que você volte a comprar mais a frente a mesma ação. Ficar dormindo em cima de uma ação, sem acompanhar o que ocorre com a empresa, pode fazer com que a venda acabe sendo feita em um momento ruim, caso o investidor se desespere com o preço em queda.

A próxima abordagem, conservadora como a primeira, mas não tanto, é tentar encontrar o melhor momento para comprar e vender uma ação. Seleciona-se um número finito de ações, de empresas que sejam sólidas, e baseado no comportamento passado da ação tenta-se estabelecer qual o melhor momento para comprar cada ação. Baseado na disponibilidade financeira, quando uma ação chega num ponto considerado bom de compra, em geral após alguma queda em seus preços, a compra é realizada.

Neste caso é estabelecido, conforme a ação, qual a rentabilidade almejada, e a ação é vendida tão logo este número seja atingido. Mesmo que isto signifique ficar com o dinheiro parado esperando alguma outra ação entrar em um bom preço para venda. Isto funciona melhor em períodos sem grande variação do índice geral da bolsa, pois se há um crescimento muito grande, as ações nunca entram nos chamados preços bons de compra.

A terceira delas: estabelecer um percentual, em geral pequeno, de rentabilidade esperada e comprar apenas para chegar naquele percentual e sair, o resto do mês. A comparação, neste caso, é com alguma aplicação de renda fixa, como a poupança: ao invés de obter de 0,3% a 0,5% de juros num mês (sem descontar a inflação, é claro), o investidor busca a compra de uma ação e coloca uma ordem de venda visando atingir, líquido, 1,5% de valorização. Aí, vende automaticamente e coloca o dinheiro na poupança.

Em geral, se houver estudo em relação às ações, e souber qual delas é a melhor pra se comprar no mês, este percentual pode ser facilmente atingido em um espaço curto de tempo. Se feito de forma repetida, pode dar um retorno interessante: imagine uma aplicação com rendimento médio acima de 1,5% ao mês, é excelente. Há risco, claro, como todas as abordagens aqui descritas, mas o prêmio buscado é menor, e o risco acaba também sendo menor.

A próxima abordagem, já bem mais arriscada, é: compre e venda, no mesmo dia, as ações. O chamado day trade. Olhe o desempenho da bolsa de Tóquio, o mercado futuro do boi gordo, a expectativa de algum índice americano que deve sair favorável, e compre as ações. Coloque uma expectativa pequena de ganho, e venda no mesmo dia. Repita no dia seguinte, por puro palpite. Não importa a empresa que você esteja comprando. Quanto pior os fundamentos da empresa, quanto mais pessoas estiverem especulando em cima deste papel, melhor, a chance de ter uma grande variação no dia é grande, e é isto que este tipo de investidor busca.

 
 
 
Neste caso, necessariamente, vão haver dias bons e dias ruins. É necessário estabelecer 2 estratégias: preço alvo, preferencialmente com ordem de venda já colocada logo após a compra, e o chamado stop loss, ou seja, se a ação cair até aquele valor, que seja vendida imediatamente. E a torcida é para que os dias bons venham em maior quantidade que os dias ruins.

Existem outras estratégias, mas em geral são variações em cima destes temas acima. Eu tenho gostado mais da segunda estratégia, todas as vezes que acompanhei o preço de uma ação, estabeleci um bom preço de compra e venda, e consegui seguir isto, não importa se em 15 dias ou 6 meses, me dei bem, tive boa rentabilidade. E quando apostei apenas pra especular, perdi. Então tento ir pro mais seguro, mesmo que isto implique ficar alguns meses fora deste mercado.

Abraços,

Henri

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Fim do ciclo do Tite no Corinthians

Achei muito errada a não renovação do contrato do Tite no Corinthians. Acho absolutamente natural, em qualquer esporte, que uma equipe apresente altos e baixos de um ano para outro, e um técnico que construiu este time perdendo vários jogadores após o fracasso na pré-Libertadores de 2011 teria totais condições de levar adiante o processo de renovação que a equipe precisa.

Não que o Tite nunca tenha errado no comando do time: faz parte da torcida xingar quando uma escalação não dá certo, quando uma substituição dá errado, quando entra alguém pra recompor o meio campo ao invés de entrar um atacante com o time empatando, quando insiste em jogadores que não estão rendendo o que podem, mas o saldo pra ele é muito positivo.

A montagem do time campeão da Libertadores, o lançamento do Cássio e do Romarinho, pra ficar em dois exemplos, no momento certo, o cuidado em não queimar jogadores novos quando o time passa por momentos ruins são bons exemplos do comando dele no time. A montagem de uma defesa ótima num campeonato tão disputado como o Brasileirão também.

Mas o que vai ficar pra todos nós, corintianos, nesta passagem do Tite pelo Corinthians são mesmo os títulos conquistados.

Não há como esquecer a conquista da tão sonhada Libertadores da América, de forma invicta, batendo o Vasco no embate mais difícil do mata-mata, depois de ter ficado sem respirar vários segundos enquanto o Diego Souza caminhava pra fazer o gol que nos desclassificaria, e vibrando muito em seguida no gol do Paulinho. Nos jogos finais, contando com o gol de um aparentemente alienado Romarinho - muitos certamente xingaram o Tite na entrada de um jogador tão inexperiente - no primeiro jogo da final, e finalmente ganhando do supercampeão Boca Juniors no Pacaembu, com uma atuação decisiva do Emerson.

No Mundial de Clubes, uma invasão da torcida na busca de um título, sendo este talvez o ponto que vá ficar marcado pra sempre nesta disputa, transformando o estádio no Japão em nossa casa. O jogo final foi espetacular, mais uma batalha inesquecível, batendo ninguém menos que o super favorito Chelsea, já num esquema de jogo mais parecido com o atual: muita força na defesa e poucas oportunidades no ataque. Numa comparação entre os times, que vi na Internet no dia anterior à final, dos 11 jogadores mais valiosos em campo 10 eram do Chelsea, e o décimo primeiro só não era deles também pois o Lampard, próximo da aposentadoria, tinha um valor de mercado menor.

Pra quem não enxerga o valor do Tite nesta conquista, leia as Cartas de Yokohama, escritas pelo jogador Paulo André, e que li no Blog do Juca Kfouri, mas que pode ser lida neste endereço. É uma leitura que vale a pena.

A baixa produção, neste segundo semestre, de um time que precisa ter alguma renovação em seus jogadores não deveria ser o fator determinante para a não continuidade do vínculo com o Tite: ele não é, de forma alguma, um técnico com a carreira em descendente, muito pelo contrário, e tem muita capacidade técnica para saber moldar o time de acordo com as peças disponíveis, buscando a melhor maneira de jogar com o material humano que tem em mãos.

E, nunca vamos saber, mas este time bem preparado no ano que vem, mesmo com a troca de poucos jogadores, e com uma pré-temporada longa bem feita, não se importando com o paulistinha, se preparando corretamente para a Copa do Brasil e Brasileirão, e com o mesmo técnico, poderia ter um sucesso semelhante ao de 2011, se preparando para um novo ciclo com possibilidades reais de ganho da Libertadores em 2015.

Desejo sucesso ao Tite na sequência de sua carreira. Que ele possa ganhar vários títulos, que possa chegar ao seu sonho de dirigir a seleção brasileira em uma Copa do Mundo, e quem sabe um dia voltar ao Corinthians para montar novamente um time super campeão.

Abraços,

Henri Coelho

sábado, 26 de outubro de 2013

Da leitura ao Duolingo

Como quem acompanha o blog, ainda que esporadicamente, já sabe, tenho o hábito frequente da leitura. Leio de tudo um pouco: procuro mesclar livros de ficção com não ficção, pra misturar um pouco de aprendizado com a mais pura diversão. Vários autores entre os favoritos, além de alguns livros que nunca entendi por que são tão famosos, nem acho que entenderei, como "A Metamorfose", de Franz Kafka, e "O Pequeno Príncipe", de Antoine de Saint-Exupéry, mas este ainda vai ser assunto de outro post.

Atualmente uso um tablet, comprado com o intuito de baratear a aquisição dos livros, o que se mostrou, até agora, um barrete. Como a oferta é muito maior nos livros impressos do que nos livros digitais, até por não existir ainda um grande mercado para livros digitais, os preços do livro impresso acabam sendo menores ou iguais aos preços dos livros digitais, o que não justifica a compra, pelo menos sobre o aspecto financeiro.

Mas o tablet, que possui como sistema operacional o Android, tem outra desvantagem, ou vantagem: o acesso à Internet. Então aquilo que foi comprado com um objetivo passa a ser usado mais para o acesso à web do que para o fim inicialmente proposto. E, melhor ainda: atrapalha o hábito da leitura, pois infelizmente o que temos menos disponível, além da grana, é nosso tempo, e quando você começa a gasta-lo com uma coisa, invariavelmente outra fica de lado.

Mas nada é tão bom que não possa melhorar: por sugestão de alguns amigos, comecei a fazer um curso de inglês num software, gratuito, chamado Duolingo. Faz poucos dias que estou fazendo isto, o inglês estava pra lá de enferrujado, a preguiça em relação ao aprendizado de outra língua cada vez maior, e então me deparo com este software. Gratuito. E excelente. E ele incentiva o aprendizado com uma interface intuitiva, que pode ser usada em várias plataformas (só quem trabalha com isto sabe o custo de se fazer assim), misturado com um acompanhamento de sua evolução no aprendizado, com incentivo para que você se desenvolva. Muito bom mesmo.

E assim vamos trocando a diversão da leitura pela diversão do aprendizado. Pelo menos, ao invés de fazer como muitas coisas que compramos na vida com algum objetivo, que quando não alcançado faz com que tenhamos mais uma tralha em casa sem uso, neste caso o destino acabou sendo mais nobre do que o imaginado inicialmente. E a vida segue...

Abraços,

Henri

sexta-feira, 7 de junho de 2013

A Felicidade da Noiva

A Raquel se casou. Na semana passada, fui assistir a este momento como já assisti, até pelo fato do número do RG ser baixo, vários outros casamentos. Cada um tem sua particularidade, você consegue se lembrar mais de alguns do que de outros por vários motivos, mas este será lembrado por um motivo em especial: a felicidade da noiva.

Eu nunca havia assistido um casamento budista. Demorei pra me localizar no templo, sabia que assistiria um casamento diferente assim que entrei - tão atrasado que tive que pedir licença para o noivo e passar a frente dele - mas não conseguia ligar as coisas.

Após a quase tradicional entrada do noivo e dos padrinhos, começou a ser mostrado um casamento diferente com a entrada da noiva. Às vezes, como ocorreu quando me casei, há um contraste muito grande entre o nervosismo do noivo e a tranquilidade da noiva, mas neste caso outra coisa irradiava dela. A noiva não estava tranquila, ela estava muito feliz.

Lembrei muito de meu casamento, naquele dia. Lembro muito bem da entrada da Regina na igreja, ela tranquila, eu me acabando de nervoso. Ela entrando com um buquê nas mãos que não tremiam, enquanto eu não conseguia ficar parado.

Mas voltando ao casamento da Raquel: acho que, se o protocolo permitisse, ela entraria na igreja (vou escrever como igreja pois fica mais fácil, mas se refere ao templo) dançando. Ela não fez isto, mas entrou cantando, sorrindo de orelha a orelha, como várias noivas fazem, mas com um aspecto de realização muito grande.

Tudo isto é muito subjetivo, é claro, não sei o que se passava na cabeça dela naquela hora. Mas parecia alguém que estava ali só pensando nas coisas boas do momento, curtindo mesmo, alegre, sem se preocupar se algo poderia dar ou não errado. De novo: isto é subjetivo, mas foi o que pareceu naquele instante.

Após a cerimônia, no coquetel, a imagem era a mesma: ela estava, ou parecia estar, somente se divertindo. Só isto. Todos nós sabemos como nossa mente é ocupada, como nos preocupamos com tudo, mas ali estava alguém aproveitando seu momento, e irradiando felicidade para todos que ali estavam.

Esta imagem ficou em minha cabeça. Na segunda-feira, comentando com a Liria sobre o casamento, a primeira frase que ela disse foi: como a Raquel estava feliz. Foi o suficiente para sedimentar a impressão que havia ficado comigo.

E novamente, como muito do que pensamos, isto ficou adormecido. Ontem vi a imagem abaixo, e veio a tona todas as lembranças acima. As vezes, quando escrevemos, o texto já vem pronto à mente, é só transcrever para o blog. Foi este o caso.


Parabéns ao Paole e à Raquel. Que a felicidade mostrada por ela, no dia deles, os acompanhe por toda a vida, e os ajude a superar todos os obstáculos que aparecerem pelo caminho. Desejo que tenham, em sua convivência, a mesma realização que nós temos.

Abraços,

Henri (e Regina)

domingo, 2 de junho de 2013

Os novos abrigos de ônibus de SP

Em São Paulo, a Prefeitura Municipal está trocando a infraestrutura dos pontos de ônibus, padronizando todos com mais vidro em sua composição, inclusive no teto, e com enormes espaços para propaganda nas calçadas.

No site da Prefeitura Municipal há a notícia de que 6.500 abrigos de ônibus serão trocados em São Paulo para o novo modelo. Uma outra informação, da mesma fonte, indica que a Prefeitura deixa de gastar R$ 300 milhões nos mobiliários urbanos e passa a receber R$ 40,6 milhões como contrapartida pela publicidade que será estampada nestes locais.

Entendo que isto só tenha se tornado possível, e economicamente viável para a empresa anunciante, a partir do momento em que o prefeito anterior proibiu, através do programa que ficou conhecido como Lei Cidade Limpa, os Outdoors e várias outras formas de publicidade visual em São Paulo. Sendo assim, foi criado um mercado potencial grande, cujo primeiro licenciado, não importa de que forma fosse, seria bastante beneficiado pois não havia outra forma de propaganda visual. A gestão anterior não conseguiu transformar esta oportunidade em negócio, o que foi rapidamente viabilizado pela gestão atual.

Mas tem sempre um porém: o espaço que a publicidade ocupa é incompatível com a largura da maioria de nossas calçadas. A foto abaixo foi tirada na Rua Loefgreen, ao lado do Colégio Arquidiocesano Marista, e mostra o tamanho da publicidade em função do tamanho da calçada.


Isto atrapalha demais o trânsito das pessoas neste local. Se pelo menos a placa ficasse colada ao muro, já aumentaria um pouco o espaço para a passagem das pessoas, pois o trânsito de pedestres nesta rua, por estar próximo a um dos acessos do metrô, é bastante intenso.

Abaixo há uma foto, extraída do Google Street View, que mostra o ponto de ônibus anterior ali instalado:


Esta vai ser a realidade da maioria das calçadas: a publicidade, quando integrada corretamente com o ambiente, tem um efeito positivo, porém quando percebida como algo que incomoda e atrapalha, acho que tem o efeito inverso.

E um último ponto para fechar este post: a atual gestão agora passou a fiscalizar alguns grafites da cidade, exigindo que sejam apagados. Nós já nos acostumamos com eles, já perfeitamente integrados à nossa paisagem. Mas acho que passam a concorrer com as novas propagandas, e assim a Prefeitura passa a exigir que sejam apagados. Neste último mês, isto ocorreu com uma banca próxima de casa: havia um grafite pintado na parte de trás da banca que mostrava alguns Super Heróis e o dono da banca, ao lado, usando um braço mecânico. Isto não existe mais, por exigência da Prefeitura, e agora temos mais uma banca cinza na cidade. Veja abaixo uma foto da banca antes de ter o grafite apagado:



Abraços,

Henri

sábado, 1 de junho de 2013

Inferno, de Dan Brown

No livro Inferno, Dan Brown segue o modelo, ou template, já consagrado em seus outros livros. Pra quem já leu alguma de suas obras, veja se o roteiro abaixo não é conhecido:
  • Aventura do professor de simbologia de Harvard, Robert Langdon, já consagrado em seus livros anteriores.
  • Descrição detalhada de antigas obras de arte, sejam livros, quadros, esculturas.
  • Tema polêmico como pano de fundo. Não dá pra competir com O Código da Vinci, é claro, mas o tema atual não é trivial.
  • Utilização de algum artista antigo, com grande produtividade em sua área, e com obras que podem ser interpretadas como tendo duplo sentido facilmente.
  • Exploração de alguma cidade, que lhe faz se sentir como se você estivesse lá ou que te dá vontade de conhecer a cidade em questão.
  • Capítulos curtos, para lhe dar vontade de continuar lendo sempre mais algumas linhas.
  • Enredo muito bem pensado, para que você demore a fechar as pontas e não perca o interesse na leitura.
  • Um grande estudo sobre o tema que ele está explorando, de forma que você sabe que um especialista está lhe falando diretamente sobre aquele assunto.
O resultado também é conhecido: um excelente livro, que você não quer parar de ler até o último capítulo. E a única coisa que você sente falta é que houvesse um encarte com a imagem de todas as obras de arte citadas no livro, para que se pudesse olhar a obra de arte e a descrição ao mesmo tempo.

O romance Inferno se passa em Florença, na Itália, onde o professor acorda num hospital, após ser baleado na cabeça. Um casal de médicos, ele italiano e ela inglesa, estão cuidando do professor, que não sabe o que aconteceu, e como veio parar ali. Este pequeno enredo é apenas parte do primeiro dos mais de cem capítulos desta obra.

Uma curiosidade sobre o livro: seu lançamento foi feito em datas muito próximas em diversas partes do mundo, e uma das preocupações dos editores é que seu conteúdo não vazasse antes do lançamento. Para atingir este objetivo, eles reuniram em Florença os diversos tradutores, para que a obra já pudesse ser oficialmente lançada traduzida em todos os países ao mesmo tempo. Só no Brasil o livro já saiu com tiragem de 500 mil exemplares. O título também é o mesmo em todos estes idiomas, como as diversas capas mostradas nas fotos acima podem mostrar.

O livro vale muito a pena. Boa diversão aos que se aventurarem nesta nova obra, ignorem a estrutura já conhecida, o recheio vale muito a pena.

Abraços,

Henri

domingo, 5 de maio de 2013

O Calendário do Futebol Brasileiro

Um dos temas mais comentados, e criticados, no futebol brasileiro, é a organização de seu calendário. São muitos campeonatos simultâneos, excesso de jogos sem interesse, falta de respeito às chamadas "Datas Fifa", onde a seleção faz compromissos oficiais, entre outras mazelas.

Como o calendário é organizado hoje?
Considerando o futebol paulista como exemplo, um time que se classifique para a final do campeonato fará 23 jogos nesta competição: 19 num turno único, onde se classificam 8 times em 20, e 4 num torneio de mata-mata com 2 fases com jogo único, e a final em 2 jogos.

Se a mesma equipe estiver classificada para a Libertadores da América, que ocorre em boa parte em paralelo aos estaduais, e chegar a final deste torneio, ela fará 14 jogos. Ou fará no mínimo 6, se for eliminada na primeira fase. Se participar da pré-Libertadores, são mais 2 jogos.

No principal campeonato do país, o Brasileirão, temos fixos 38 jogos para cada time, tanto na série A quanto na série B. Neste caso, como o sistema de disputa é por pontos corridos, sem uma fase mata-mata na final, não há diferença na quantidade de jogos do time campeão para o time que ficar na última posição.

Na Copa do Brasil, serão até 14 jogos para os times que não disputam a Taça Libertadores da América, e até 8 jogos para os times que disputam a Libertadores da América. Na copa Sul Americana, temos até 4 jogos para o time que chegar até a final, mas como o time que estiver na fase final da Copa do Brasil não disputa a Sul Americana, a quantidade de jogos é a mesma de quem fosse até a final da Copa do Brasil.

Finalmente, para os campeões da Libertadores e da Sul Americana do ano anterior, temos a disputa da Recopa Sul Americana, em 2 jogos. O campeão da Libertadores, ainda, no mesmo ano em que foi campeão, disputa, no final da temporada, o Campeonato Mundial da Fifa, também em 2 partidas (semifinal e final, ambas em jogo único).

Fazendo a soma, considerando o pior caso: 23 partidas no estadual, 14 na Libertadores, 38 no Campeonato Brasileiro, 8 na Copa do Brasil, 2 na Recopa e 2 no Mundial da Fifa, temos 87 jogos na temporada. Ou até 89, se o time for Campeão da Sul Americana do ano anterior e tiver que passar pela Pré-Libertadores.

E qual o resultado, com o calendário atual?
O resultado é o desinteresse, a fadiga e o stress de alguns jogadores, times menores, sem condição de revezar os jogadores, sofrendo com sucessivas contusões e com performances ruins ao longo da temporada. Além disso, os times que possuem jogadores que são frequentemente convocados para a Seleção Brasileira também sofrem com a ausência dos principais nomes nas partidas, pois os campeonatos nacionais não param nas datas em que há jogos da seleção marcados.

E quais as mudanças que deveriam ser implementadas?
Não há mudança no calendário que resolva com este número de jogos. A primeira mudança necessária é enxugar o número de partidas que um mesmo time deve fazer, e a outra é adequar o calendário para o chamado calendário europeu, ou calendário mundial, pois são poucos os países que, a exemplo do Brasil, não tem a temporada fasada com a temporada europeia.

Para diminuir o número de jogos, as mexidas deveriam ocorrer, principalmente, no âmbito nacional. Deveríamos aproximar nosso calendário do calendário europeu, onde um time disputa, considerando campeonatos mais longos, um campeonato nacional em pontos corridos, 1 (ou 2) copas nacionais, como ocorre na Inglaterra, e um campeonato continental.

Para isto, deveríamos eliminar os estaduais. Isto não quer dizer substituí-los, como já foi feito há algum tempo, pelos regionais (Rio-São Paulo, Copa Nordeste, Sul-Minas, etc.), pois não há a redução esperada de partidas.

No caso da Copa do Brasil, deveria ser adotado o modelo da Copa da Inglaterra: todos os jogos deveriam ser feitos em partida única, no local a ser designado por sorteio. Lá é reservada uma segunda data para que seja disputada uma partida desempate, na casa do visitante da primeira partida, caso não tenha existido um vencedor. Desta maneira você não diminui a quantidade possível de jogos, mas isto ocorrerá em pouquíssimos casos.

No caso do calendário, o ideal seria concentrar as férias dos jogadores no mês de Junho, como é feito no restante do mundo. Assim, o mês de Julho serviria como pré-temporada, para que os times pudessem treinar aqui (ou no exterior), fazendo as excursões que ouvimos que existiam no passado e que já não existem mais, e se preparando para o início do Campeonato Brasileiro.

Este deveria ser iniciado no mês de Agosto, e terminado em Maio do ano seguinte. Seria um campeonato disputado ao longo de toda a temporada, ocorrendo, principalmente, nos finais de semana, e reservando o meio da semana para disputa das copas continentais ou da Copa do Brasil.

No aspecto continental, a Sul Americana deveria ocorrer em paralelo com a Libertadores, como ocorre na Europa entre a Liga Europa e a Champions League. Pode até ser feita alguma mistura entre as duas, os times com melhor campanha entre os que foram desclassificados na primeira fase da Libertadores poderiam entrar na segunda-fase da Sul Americana. Pelos comentários, há interesse da TV americana pela participação de seus times na Libertadores também, e estes campeonatos poderiam abranger todo o continente, sem discriminar os participantes da América do Norte, que deveriam se credenciar para o Campeonato Mundial da Fifa a partir da Libertadores, para que não joguem, em alguns casos, com time reserva neste torneio por privilegiar outro.

Além desta mudança, tanto o torneio Continental como a Copa do Brasil deveriam ocorrer ao longo do ano todo, e não apenas em um semestre. Ambos começariam em no segundo semestre de um ano, e terminariam em Maio do ano seguinte.

E o que fazer com os times menores, que hoje vivem dos campeonatos estaduais, por 3 ou 4 meses ao longo do ano, e depois não tem muito o que fazer no restante do ano? O ideal seria haver torneios de várias séries, conforme o número de times de cada estado, cada uma classificando para a série imediatamente seguinte, e os melhores da última série do campeonato estadual se classificariam para a série D do Campeonato Brasileiro do ano seguinte. Se todos os campeonatos, inclusive os estaduais, nas diversas séries, fossem disputados ao longo da temporada toda, e servissem sempre como classificatórios para uma série seguinte, ou para um Campeonato Brasileiro, você teria os atletas sempre ocupados durante o ano todo.

Desta maneira, se um time disputasse todos os jogos do Brasileiro + Libertadores (ou Sul Americana) + Copa do Brasil (se fossem adotadas 7 fases para todos, com 1 jogo por fase) no ano, seriam 59 partidas. Para o time que disputasse ainda a Recopa e o Campeonato Mundial de Clubes, no máximo 63 partidas. Muito mais razoável, mais fácil para distribuir ao longo do ano, respeitando as chamadas "Datas Fifa", e mais rentáveis para os times, que com menos jogos conseguiriam ter um público médio melhor nas partidas.

E por que esta mudança não é feita?
E por que algo assim, que parece ser mais razoável, não tem um horizonte próximo para ocorrer no Brasil? Por conta da concentração do poder de decisão sobre isto na mão de algumas pessoas que se sentiriam prejudicadas com o fim dos Estaduais. Esta decisão deveria partir da CBF, que parece ter como único interesse, além do financeiro, a continuidade no poder. E hoje, o presidente da CBF é eleito por um colégio de 47 pessoas: o presidente de cada um dos 20 clubes que está na série A do Campeonato Brasileiro e os 27 presidentes das Federações Estaduais, que sobrevivem dos falidos campeonatos estaduais.

E não há nada que nós, meros mortais e cidadãos comuns, possamos fazer?
Existem vários protestos rolando pela Internet, na chamada militância de sofá, onde você protesta pelo facebook, participa dos abaixo assinados e nada acontece além disso.

Há protestos feitos nas ruas, tanto no Rio quanto em São Paulo, mas o número de pessoas que participam é muito pequeno, e não há a repercussão que deveria haver neste caso.

A única maneira que enxergo é a financeira: se você deixa de frequentar os estádios durante os estaduais, há um impacto direto nas finanças do clube, o que diminui o interesse deles. Se você assina o pay-per-view neste período, para poder acompanhar os estaduais, cancele sua assinatura, pois além de economizar você estará diminuindo a receita da TV e dos clubes, diminuindo o interesse também aí.

Finalmente, e o mais difícil, se você deixar de ver os jogos pela TV e de acompanhar o noticiário dos clubes durante este período, causará um impacto maior na imprensa e também nos clubes. Quem sabe assim, com um campeonato regional sem interesse financeiro, o que é mais razoável consiga ser realizado?

Abraços,

Henri

domingo, 28 de abril de 2013

Casagrande e seus demônios

No livro Casagrande e seus demônios, escrito por Gilvan Ribeiro e pelo próprio Casão, temos a oportunidade de ver um ídolo de muitos torcedores de futebol, principalmente mas não só Corinthianos, se desnudando na frente do seu público, sem pudor e sem medo de críticas. Somente por este aspecto vale bastante a leitura.
O livro explora muito o problema do Casagrande com as drogas, desde o uso da maconha na adolescência até o consumo de cocaína, heroína, LSD e outras drogas. Relata também as 3 overdoses que ele sofreu, suas alucinações, suas internações e o momento do acidente que causou uma internação forçada, e que resultou no seu afastamento das drogas até o dia de hoje.

Revela ainda a consciência que ele tem de ser um dependente químico, que não pode fraquejar e voltar a usar outras drogas, pois a chance de recaída é muito grande. Hoje ele tem apoio psicológico para se manter afastado deste mundo, e evita lugares e festas onde sabe que a droga vai rolar solta, justamente para evitar que volte aos velhos hábitos.

Mas o livro não se resume a isto: fala também muito da carreira do Casagrande, de seu relacionamento com outros jogadores e com os técnicos, inclusive das rusgas com o Telê Santana, na seleção. Fala muito do relacionamento conturbado com o Dr. Sócrates, desde a excelente parceria em campo até a dificuldade de convivência depois disto.

Lembro do Casagrande jogando pelo Corinthians quando eu era ainda adolescente. Na época, não fazia muito sentido pra mim a Democracia Corinthiana, e todo o papel que este movimento teria na situação política do nosso país, no final dos tempos da ditadura. O que fazia muito sentido era termos um time vencedor, com tantos jogadores diferenciados e com ótimos resultados.

Não me lembrava da passagem do Casão pelo São Paulo, e nem nas condições em que isto ocorreu, e nem do fato dele ter sido campeão da Champions League, pelo Porto - na época este campeonato tinha outro nome. Não me lembrava também da torcida corinthiana o homenageando num jogo entre Corinthians e Flamengo, em São Paulo, de tal forma que ele, que esperava ser hostilizado no jogo, tenha se emocionado com a homenagem.

Tomara que o Casão continue neste processo de recuperação, para continuar trabalhando como comentarista de TV, onde faz muito bem este papel, com sinceridade, se arriscando a dar opinião sobre o que pode mudar um jogo, e não apenas comentando o video tape.

Lembro, na copa de 2002, na semifinal contra a Turquia, ele pedindo para que o Ronaldo Fenômeno fosse substituído, pois não estava bem naquele jogo, e alguns minutos depois o mesmo Ronaldo fazendo um gol de bico, e classificando o Brasil para a final. Não houve nenhum constrangimento no Casão neste caso, ele defendia o que acreditava ser o correto e não se arrependia disto. Na época, o Nuno havia iniciado uma newsletter sobre este assunto, mas não a encontrei na relação de Newsletters da Signa, embora tenha muita coisa boa para se ler por lá.

Abraços,

Henri

sábado, 20 de abril de 2013

Os Doze

Terminei hoje a leitura do excelente livro Os Doze, de Justin Cronin. Trata-se do segundo livro de uma trilogia (como estão na moda as trilogias) que se iniciou com o livro A Passagem, em 2010. A previsão de lançamento do último volume, que deve se chamar A Cidade Dos Espelhos, aponta para 2014, e resta esperar até que seja lançada no Brasil, o que deve acontecer no início de 2015, se for repetido o atraso que ocorreu com este segundo volume.

O spoiler abaixo é muito pequeno, e não prejudicará quem quer ler os livros. A recomendação é a leitura dos livros em sequencia, pois a história deste livro é uma continuação direta da história do livro anterior.

No livro A Passagem, tudo começa com a eterna busca pela imortalidade, e para a cura de todas
as doenças. Algo extremamente promissor, porém um segredo guardado a sete chaves pelo exército americano, que conduz diretamente as pesquisas. E para que os primeiros testes pudessem ser feitos em humanos, depois da fase experimental, são escolhidas 12 pessoas que estavam no corredor da morte nos Estados Unidos, para que pudessem servir de cobaias e para que a evolução do tratamento pudesse ser monitorada.

É claro que tudo sai de controle, mas de uma forma excepcional. E a ação é deslocada então para o futuro, muitos anos depois, com a consequência direta deste experimento. O subtítulo do livro, exposto na capa atual, é: Quando o Homem tenta ser Imortal, o Fim da Humanidade é uma Questão de Tempo.

No livro Os Doze, a ação volta para os dias em que o experimento sai do controle, novas personagens são inseridas e a ação então se desloca para muitos anos adiante, continuando a ação do livro anterior. E seu subtítulo, difícil de ver na imagem acima, é: Num mundo cercado por monstros, o inimigo mais cruel pode ser o próprio homem. Há uma promessa interessante de muita ação para o próximo livro.

Há uma citação, na última orelha do livro, de que os direitos de adaptação para o cinema do primeiro livro foram adquiridos pela Fox 2000, e que já há diretor (Matt Reeves) e roteirista (Jason Keller) escolhidos para a empreitada. Embora sempre o livro seja melhor que o filme, neste caso há ação suficiente para que o filme também possa ser muito bom. O mais difícil vai ser condensar as 816 páginas do primeiro livro num filme comercial. O segundo livro é bem menor: são só 591 páginas, mas que prendem sua atenção o tempo todo, tornando difícil a tarefa de deixar o livro de lado.

Boa leitura. Enquanto isto, vou curtindo o pior aspecto das trilogias: aguardar o próximo volume.

Abraços,

Henri

domingo, 14 de abril de 2013

Mantenha distância

Quando me mudei pra São Paulo, em 1993, uma das coisas que mais estranhei era a cara de poucos amigos de todas as pessoas daqui. Há uma barreira muito forte, própria de uma cidade tão grande, impedindo que as pessoas que não te conhecem até possam te cumprimentar. O medo da violência, das pessoas mal intencionadas, de ser enganado cria esta resistência toda.

O primeiro ponto onde senti isto foi nas conversas por telefone. Eu estava muito acostumado a ligar pra casa de meus amigos, e como as vezes me atrapalho ao digitar os números (e na época em que não havia memória nos telefones), a primeira pergunta que fazia era: de onde fala? O atendimento do outro lado era sempre cordial, normalmente identificando a casa e a pessoa que estava falando. Em seguida eu me identificava e conversava normalmente.

Ao me mudar para São Paulo, demorei um pouco pra perder este hábito. E sempre ouvia como resposta: COM QUEM O SENHOR QUER FALAR? Maiúsculo mesmo, gritado na maioria das vezes. Ao me identificar, a barreira era quebrada e a cordialidade imperava. Nem parecia a mesma pessoa com quem eu comecei a conversar, um minuto antes.

Pra quem estava acostumado e viver em cidades menores, onde todos se cumprimentam nas ruas, mesmo que não se conheçam, o choque é grande. Mas aos poucos você deixa de perceber isto, vai se acostumando e raramente isto chama a atenção.

Esta semana foi um pouco diferente. Estava no metrô, de manhã, quando me chamou a atenção, não sei bem por que, o silêncio. Devia haver quase 200 pessoas naquele vagão. Ninguém conversava com ninguém, todos de cara fechada, provavelmente não devia haver amigos ali. Uma boa parte com fone de ouvido, para garantir ainda mais o isolamento. Nenhum sorriso nos rostos. O retrato perfeito da metrópole. Milhões de pessoas morando no mesmo lugar, mas todos isolados. Cada um por si.

Mas a gente de habitua. E acaba ficando exatamente do mesmo jeito, a mesma resistência criada, e a mesma cara de poucos amigos com quem você não conhece. Experimente ligar em casa e perguntar de onde está falando pra ver.

Abraços,

Henri

terça-feira, 2 de abril de 2013

A visita cruel do tempo

Minha última leitura foi o livro "A visita cruel do tempo", da autora americana Jennifer Egan, vencedor do prêmio Pulitzer. A dica foi ouvida no programa Fim de Expediente, se não me engano dita pelo Teco Medina, e citada como sendo um dos livros que todas as pessoas deveriam ler.

Comprei o livro assim que cheguei em casa, e li em poucos dias na semana seguinte. É um livro com muitas idas e vindas no tempo, e como as personagens são diretamente ligadas ao cenário musical, com várias citações de músicas e bandas reais, e até uma obsessão de um dos garotos pela duração e quantidade de pausas das músicas, o que é bem divertido.

Mas o foco principal é mostrar as situações e conflitos das principais personagens em vários momentos de suas vidas, em alguns casos na adolescência, na vida adulta e no começo da velhice. A maneira como a autora liga as personagens nos vários capítulos é muito interessante e muito bem pensada. Existem muitas referências à trinca sexo, drogas e rock & roll.

Tudo isto faz deste um bom livro, que te prende na leitura. Acho que não o classifico como excelente pois, quando se cria uma expectativa muito alta pela recomendação, há uma tendência de acharmos que o livro não era tão bom assim. Por isto é tão difícil ser imparcial numa avaliação destas.

Abraços,

Henri

sexta-feira, 29 de março de 2013

Oportunidade perdida

Em 2009 saiu uma notícia informando que a venda de livros digitais superava a venda de livros físicos no site da Amazon americana. Em algumas categorias, como a de livros de ficção, a venda de e-books superou a venda de livros físicos, considerando todo o mercado norte-americano, no ano de 2011.

A empresa que foi a grande responsável por esta mudança foi a própria Amazon, que lançou um leitor de livros digitais (e-reader) chamado Kindle, que fez muito sucesso, e que acabou provocando uma grande redução no mercado de livros físicos, levando ao fechamento da segunda maior cadeia de livrarias americana, chamada Borders, e a redução significativa do número de lojas da maior rede de livrarias daquele país, chamada Barnes & Noble.

Para fazer todo este sucesso, um dos pilares da estratégia da Amazon foi o preço. Ela fez pesadas negociações com grandes editoras, que aceitaram reduções de até 70% no preço de capa de seus livros para que estes pudessem ser vendidos no meio digital. Com um preço menor, e aparelhos de leitura cada vez com maior capacidade e conforto para os leitores, começou a ser feita esta grande revolução.

Hoje existem vários leitores digitais a venda, inclusive no mercado nacional, basicamente em 2 categorias: aparelhos cuja função principal é a de servir como leitor digital, como é o caso do próprio Kindle, e os tablets, que tem diversas funções, e entre elas aplicativos compatíveis com os livros digitais. Nos 2 casos, há muita facilidade para leitura, para comprar e baixar os livros, não há desconforto visual na leitura, nem a necessidade de se colocar um marcador de páginas quando a leitura é interrompida, visto que abrir na última página lida é uma função básica nestes aplicativos.

E aqui no nosso Brasil? Em dezembro último, a Amazon, após vários ensaios, abriu finalmente a sua loja brasileira. Aqui entramos na oportunidade perdida, citada no título deste post. A negociação com as editoras aqui também foi feita, só que a Amazon não contava que a maior rede de livrarias do Brasil, a Saraiva - Siciliano, já escolada com o que ocorreu no mercado americano, atrapalhasse suas negociações com as editoras.

Pelos números de mercado, mais da metade dos livros são vendidos no Brasil através da Saraiva, considerando tanto as lojas físicas quanto a loja virtual. Isto dá um poder muito grande para a Saraiva frente às editoras. E no mercado circula a informação de que isto tenha sido pela gigante nacional, alertando as editoras que, se os descontos para a Amazon, no caso dos livros digitais, seguisse a mesma política usada pelas editoras americanas, com até 70% de redução no preço de capa, a Saraiva deixaria de distribuir os livros destas editoras. Além disso, deveria haver o lançamento primeiro do livro físico, e somente depois de algum tempo, do livro digital.

Quando seu maior cliente, visando proteger seu mercado, lhe faz uma ameaça destas, não é de se estranhar que as editoras tenham sucumbido. E a Amazon entrou no mercado brasileiro, há 3 meses, oferecendo os mesmos preços que as outras lojas ofereciam para os livros digitais: até 30% de desconto no preço de capa, e aguardando 90 dias, depois do lançamento do livro físico, para lançar o livro digital. Este percentual de desconto é até menor do que boa parte das lojas oferece depois de 3 meses do lançamento, em se tratando dos livros tradicionais, e muitas vezes o livro digital acaba ficando mais caro que o livro em papel. Perdemos então uma grande oportunidade para aumentar o acesso de mais pessoas aos livros, pois o preço é o principal fator de desmotivação para a leitura.

Desta maneira, olhando a realidade atual do mercado, se você gosta de ler livros de autores consagrados, e enxergou no livro digital uma possibilidade de economizar neste seu hábito de leitura, esqueça: não vale a pena comprar um leitor digital. Outros motivos podem te levar para este novo hábito, principalmente as razões ecológicas, mas certamente não as razões econômicas. Simplesmente, não compensa.

PS: muitas das informações acima vieram de um site de tecnologia de que gosto muito, e que tenho em meus favoritos, chamado Gizmodo. Segue abaixo 2 links interessantes sobre este tema:

Gizmodo.com.br: Os desafios da Amazon no Brasil: Saraiva e o receio das editoras
Gizmodo.com.br: Amazon pode comprar Saraiva para enfim desembarcar no Brasil
Gizmodo.com.br: Amazon Brasil estreia com e-books; Kindle chegará por R$299

Abraços,

Henri

sexta-feira, 22 de março de 2013

O mau hábito dos supermercados

Já ouvi muitas histórias de como os grandes supermercados e hipermercados sambam em cima de seus fornecedores, aumentando de forma muito grande suas margens de lucro e zerando o risco de ficar com mercadorias encalhadas.

Como exemplo, existem os enxovais que algumas redes cobram dos fornecedores: quando uma nova loja é inaugurada, todos os fornecedores doam as mercadorias que serão expostas na loja na inauguração, sem custo nenhum pra rede, nem de transporte. Assim é fácil, não é?

A reposição de algumas mercadorias nas gôndolas, nestas lojas, também é feita por conta dos fabricantes. A descarga dos caminhões que chegam com mercadorias? Idem. Se uma mercadoria vence, pois não vendeu, a responsabilidade também é deles. Lógico que os custos estão embutidos no valor das mercadorias, mas isto torna muito mais confortável a operação das grandes redes de supermercados.

E embora tenhamos tudo isto, tem uma parte que pra mim é a mais perversa de todas, pois é a que diretamente bate no nosso bolso, e em especial dos menos atentos: o erro entre o valor marcado da mercadoria, na gôndola, e o valor que está no sistema, e que é cobrado no caixa.

A maneira como passamos pelos caixas do supermercado é bastante propícia para que ninguém repare nisto: há normalmente poucos caixas, o que gera fila e pressão, ainda que velada, de todos que estão na fila para que você seja o mais rápido possível na passagem pelos caixas. A esteira que precede a leitura do código de barras dos produtos não é tão grande, e se você comprar muitos produtos, não é possível colocar todos os itens ali antes que o atendente comece a fazer a cobrança. Não há ninguém para embalar os produtos, então você não consegue olhar os preços que estão sendo cobrados pois tem que colocar os produtos em caixas, em sacolas retornáveis, nas tão criticadas sacolinhas de plástico ou ainda diretamente de volta nos carrinhos. E isto, normalmente, garante que você não vá olhar os preços que estão sendo cobrados.

Mas faça um exercício, e o resultado vai lhe surpreender: procure memorizar os preços dos produtos que você está comprando, pelo menos uma parte deles, e veja o preço que é cobrado no terminal de caixa: em vários casos há produtos anunciados nas gôndolas por um preço, e que passam com outro preço na hora de pagar. E há variações grandes, às vezes acima de 15% nos preços.

Quando você detecta algo assim, eles são muito prestativos: algum atendente é chamado, vai até o local, volta com a informação de que você está certo e o desconto lhe é dado imediatamente, cobrando o menor preço, pois pelo código de defesa do consumidor você tem este direito. E o que é feito em seguida? Nada. O próximo consumidor vai ser atraído por um preço mais baixo na gôndola e vai pagar mais caro no caixa, sem saber. Não há uma atualização do sistema, para cobrar o preço correto. Não há a preocupação em retirar da gôndola o preço errado, se este realmente for o caso. O supermercado não perde nada com isto, só ganha.

Isto faz com que eu não consiga acreditar que estes erros, muito mais frequentes do que imaginamos, sejam ao acaso. É uma situação muito conveniente para as grandes redes, não há nenhuma punição neste caso (o produto deveria ser cobrado pela metade do preço, ou o consumidor deveria ter o produto de graça, ou qualquer outra coisa assim), então só se ganha com este erro.

Em 2 ocasiões me lembro, inclusive, de produtos que estavam em oferta, no meio dos corredores, com muito destaque, e em um caso em 3 pontos diferentes da loja, estarem com preço muito diferente no caixa. Uma vez no Carrefour, onde um pacote de guardanapos estava com um desconto de mais de 40%, e com várias pessoas pegando vários pacotes, e no caixa não existia desconto nenhum: porém, se você reclamasse, imediatamente o desconto lhe era dado, sem até a necessidade de alguém se deslocar para a promoção para conferir. Outra ocasião, no Pão de Açúcar, com um vinho, que estava anunciado em 3 pontos diferentes da loja por um preço, e era cobrado no caixa com 6 reais a mais em cada garrafa, o que representava mais de 15% do preço do vinho. De novo, é só reclamar que eles lhe cobram o preço correto, mas quantos reclamam?

Talvez devêssemos aprender a fazer barulho nestes casos. Será que isto mudaria algo?

Abraços,

Henri

sexta-feira, 15 de março de 2013

O azarado e a inflação

Sempre fiquei incomodado com todos os índices de inflação que vejo publicados. A cada ida a um supermercado parece que o mesmo valor compra menos itens, ou que para comprar a mesma quantidade de itens, o valor é sempre maior.

Mas como medir isto? Anotar as compras feitas e comprar os mesmos itens 1 ano depois, e ver a variação na compra? Quem tem paciência e disposição pra isto? Estava pensando em alguma maneira de contornar isto quando me lembrei da Nota Fiscal Paulista.

Pra quem não mora no estado de SP: o governo paulista sempre criou várias estratégias para incentivar a população a pedir nota fiscal nos estabelecimentos, como uma forma de garantir que os impostos, em especial o ICMS, que tanto lhe interessa, fossem apurados. A lembrança disso remonta aos meus tempos de moleque, quando colecionava figurinhas de um álbum chamado, se não me engano, Paulistinha, onde as figurinhas eram obtidas mediante a troca das notas fiscais pelos envelopes e pelo próprio álbum, por volta de 1980 / 1981.

Agora, com o avanço da nota fiscal eletrônica, ficou mais fácil: o governo incentiva que você peça a nota fiscal identificando-a com seu CPF, e lhe devolve uma parte do dinheiro dos impostos que foram arrecadados com cada nota fiscal. A cada 6 meses o governo libera esta contrapartida para que você possa transferir para sua conta corrente, ou abater do IPVA de seu veículo, e de quebra o governo ganha também uma ferramenta para te fiscalizar (acompanhar o que você declara no IR versus o volume de compras que você faz em seu CPF).

Mas o que nos interessa, neste caso, é que as notas fiscais ficam disponíveis para consulta, inclusive com os itens que compõem estas notas fiscais. Atualmente você pode consultar notas de 2010 até 2013.

Peguei então alguns produtos que compramos com alguma frequência, para acompanhar sua evolução de 2010 até 2013. Neste período (jan/2010 a fev/2013), os índices oficiais de inflação foram: IGPM de 26,93%, e IPCA de 21,13%. Os produtos desta amostragem estão abaixo - eu não quis pegar frutas, legumes e verduras, para evitar os efeitos da safra e entressafra - e consideram compras feitas no mesmo estabelecimento:


A conclusão é óbvia, eu é que não havia pensado nisto antes: eu sou muito azarado, pois em geral só compro produtos que sobem muito mais que a inflação. Deve ser isto.

Abraços,

Henri