domingo, 28 de abril de 2013

Casagrande e seus demônios

No livro Casagrande e seus demônios, escrito por Gilvan Ribeiro e pelo próprio Casão, temos a oportunidade de ver um ídolo de muitos torcedores de futebol, principalmente mas não só Corinthianos, se desnudando na frente do seu público, sem pudor e sem medo de críticas. Somente por este aspecto vale bastante a leitura.
O livro explora muito o problema do Casagrande com as drogas, desde o uso da maconha na adolescência até o consumo de cocaína, heroína, LSD e outras drogas. Relata também as 3 overdoses que ele sofreu, suas alucinações, suas internações e o momento do acidente que causou uma internação forçada, e que resultou no seu afastamento das drogas até o dia de hoje.

Revela ainda a consciência que ele tem de ser um dependente químico, que não pode fraquejar e voltar a usar outras drogas, pois a chance de recaída é muito grande. Hoje ele tem apoio psicológico para se manter afastado deste mundo, e evita lugares e festas onde sabe que a droga vai rolar solta, justamente para evitar que volte aos velhos hábitos.

Mas o livro não se resume a isto: fala também muito da carreira do Casagrande, de seu relacionamento com outros jogadores e com os técnicos, inclusive das rusgas com o Telê Santana, na seleção. Fala muito do relacionamento conturbado com o Dr. Sócrates, desde a excelente parceria em campo até a dificuldade de convivência depois disto.

Lembro do Casagrande jogando pelo Corinthians quando eu era ainda adolescente. Na época, não fazia muito sentido pra mim a Democracia Corinthiana, e todo o papel que este movimento teria na situação política do nosso país, no final dos tempos da ditadura. O que fazia muito sentido era termos um time vencedor, com tantos jogadores diferenciados e com ótimos resultados.

Não me lembrava da passagem do Casão pelo São Paulo, e nem nas condições em que isto ocorreu, e nem do fato dele ter sido campeão da Champions League, pelo Porto - na época este campeonato tinha outro nome. Não me lembrava também da torcida corinthiana o homenageando num jogo entre Corinthians e Flamengo, em São Paulo, de tal forma que ele, que esperava ser hostilizado no jogo, tenha se emocionado com a homenagem.

Tomara que o Casão continue neste processo de recuperação, para continuar trabalhando como comentarista de TV, onde faz muito bem este papel, com sinceridade, se arriscando a dar opinião sobre o que pode mudar um jogo, e não apenas comentando o video tape.

Lembro, na copa de 2002, na semifinal contra a Turquia, ele pedindo para que o Ronaldo Fenômeno fosse substituído, pois não estava bem naquele jogo, e alguns minutos depois o mesmo Ronaldo fazendo um gol de bico, e classificando o Brasil para a final. Não houve nenhum constrangimento no Casão neste caso, ele defendia o que acreditava ser o correto e não se arrependia disto. Na época, o Nuno havia iniciado uma newsletter sobre este assunto, mas não a encontrei na relação de Newsletters da Signa, embora tenha muita coisa boa para se ler por lá.

Abraços,

Henri

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