domingo, 16 de dezembro de 2012

Com o coração

2012 foi um ano de extremos. Momentos muito ruins, uma perda muito maior até do que pude imaginar quando ocorreu, e momentos de forte emoção positiva.

Em março Papai descansou. Depois de uma briga dura, a doença o venceu, e para nós o baque foi enorme.

Nós nutríamos várias paixões em comum, acho que éramos muito parecidos em diversos aspectos. Uma destas era o Corinthians.

A cada conquista do Timão, mesmo que fosse um campeonato com menor expressão, quando não estávamos assistindo juntos a primeira reação era nos ligarmos para comemorar juntos.

Este ano a emoção, após os títulos da Libertadores e agora há pouco do Mundial, teve este componente a menos do que o script tradicional.

Mesmo assim tenho certeza que o Vô Décio, já liberto das paixões mundanas, está neste instante contente pelos seus estarem com esta mistura de alegria e saudade positiva.

Abraços.

sábado, 25 de agosto de 2012

Livros x e-books

Estes dias estava pensando no processo de criação de um livro. Procurei dividir este processo em algumas etapas para facilitar o raciocínio.

Em primeiro lugar um autor (em geral somente um, mas às vezes mais de um) escreve o livro. Este é o principal processo, e certamente o mais demorado: são semanas, ou meses ou até anos trabalhando no enredo, nos detalhes, nas pesquisas, na busca de inspiração até que se tem um produto final.

Este produto passa, então, por uma ou mais críticas, desde a revisão gramatical até a opinião de outros críticos, normalmente mais chegados, que vão dar suas contribuições. Cabe ao autor aceitá-las ou não.

Vou pular uma parte importante, de forma proposital, agora: a negociação com editora para a publicação do livro. Isto pode ter ocorrido a qualquer instante, muitas vezes até antes da escrita do livro.

Em seguida o livro é diagramado por um profissional, ou por um software, nos casos mais simples. Deste processo, temos o primeiro resultado final, que é um livro pronto para ser lido com apoio de um software, como o Adobe PDF. Isto demora alguns dias para ser feito.

Este processo, até este ponto, é o mesmo, não importa se o livro terá um formato digital ou se será impresso. É a parte mais trabalhosa. Deveria ser a mais cara.

Depois disso há uma bifurcação: o livro pode ser convertido para um formato vendável para ser lido em dispositivos especiais - nos computadores ou nos tablets, geralmente num formato chamado EPUB. Ou o livro pode ser impresso, para a leitura no formato tradicional.

No formato tradicional, entram agora diversos custos: o papel que será gasto, o tempo da impressão, o trabalho dos profissionais que imprimem os livros, a impressão da capa, a montagem do livro (que pode ser mecanizada ou não), o lucro da empresa que imprime os livros. Quando os exemplares estão prontos, temos o custo de logística e transporte, para armazenar os livros nas distribuidoras, transportá-los para as livrarias, supermercados ou outros pontos de venda, que vão ter também o custo do estoque até a venda final e sua margem nesta operação.

Não sou especialista neste mercado, atuo somente na parte final, sendo um leitor bastante frequente de livros. O que já li, em vários casos, é que um autor mediano, não um best seller, normalmente ganha 1 ou 2 reais por exemplar vendido. Considerando que um livro novo hoje seja vendido por, pelo menos, R$ 20,00, o autor, que produziu a obra, ficou com 5 a 10% do valor.

Já li também que o ponto de venda tem uma margem entre 30% e 50% do valor, ou seja, a impressão do livro e sua distribuição devem custar algo entre 40% e 60% do valor final do livro.

Já no caso do livro digital não há impressão, nem custo de estoque, nem transporte entre a editora e o ponto de venda. Neste caso, qual o sentido que faz os livros, nos 2 formatos, custarem a mesma coisa? No mínimo, para não sacrificar o ponto de venda, deveria custar 40% a menos que o exemplar físico, e ainda assim seria um absurdo.

Já é difícil as pessoas terem o hábito da leitura, porém com a proliferação dos tablets, principalmente, a cadeia deveria lucrar um pouco menos para vender um pouco mais. Não concordam?

Abraços de um inconformado proprietário de um tablet recém-comprado para ser um leitor de livros digitais.

sábado, 26 de maio de 2012

O Sinal

Minha última leitura foi o livro O Sinal, do historiador Thomas de Wesselow, que tem como subtítulo "O Santo Sudário e o Segredo da Ressureição".

Trata-se de um livro histórico: na orelha do livro, há a informação de que o autor se dedica, em tempo integral, desde 2007, ao estudo histórico do Santo Sudário. O número de referências consultadas e citadas nas notas explicativas é bastante grande, mostrando que houve muito esforço para a escrita do livro.

O Santo Sudário é um lençol de linho de grande dimensão, atualmente guardado em Turim, na Itália, que teria envolvido o corpo de Jesus Cristo após sua crucificação e até sua ressureição. Neste lençol há uma imagem de um homem de corpo inteiro, tanto de frente quanto de costas. Este homem está nu, com as mãos cobre sua genitália, e mostra muitas marcas de sangue e sinais de tortura.

A imagem do Sudário é até mais impressionante no negativo do que vista diretamente. A foto ao lado mostra a visão frontal do Sudário com as duas imagens, à esquerda a imagem original e à direita o negativo desta imagem. Quando um fotógrafo amador tirou a primeira foto do sudário e foi fazer a revelação da mesma, é que se percebeu este detalhe que faz toda a diferença.

O livro é dividido em várias seções, mas há duas divisões claras: há uma parte histórica, na qual algumas suposições são feitas para justificar alguns pontos onde há várias teorias possíveis, e outra parte onde há uma grande suposição, e tenta-se justificar boa parte da história baseando-se nesta única suposição.

A primeira parte é a melhor parte do livro: é feita toda a reconstituição histórica da viagem do Sudário de Jerusalém até Turim, com todas as suas paradas, citado como o Sudário havia ficado escondido durante vários séculos sem que ninguém soubesse de sua existência, dobrado num quadro onde apenas o rosto aparecia. A Bíblia é usada em diversos pontos como fonte histórica, com os livros citados do Novo Testamento sendo contextualizados quanto à época de sua escrita, sua autoria, seu grau de confiabilidade, na visão do autor, com alguns outros textos históricos e os chamados Evangelhos Apócrifos também sendo usados como referência.

O principal ponto de questionamento acerca da veracidade do Sudário, que foi uma datação por carbono feita do lençol no final da década de 80, também é muito comentado: neste episódio os três laboratórios classificaram o lençol como tendo sido produzido na Idade Média, por volta do ano de 1.300 D.C., o que o inviabilizaria como lençol mortuário de Jesus. Todas as possíveis falhas deste processo de datação são explicadas no livro.

Na metade do livro há várias páginas que mostram imagens do Sudário, de quadros que o referenciam, de imagens 3D feitas a partir dele e até de esquemas que mostram como o Sudário teria coberto o corpo de Cristo. Em que pese a questionada "prova científica" de que o Sudário é falso, ao chegar nesta parte o leitor se convence de que a relíquia é verdadeira.

A segunda parte do livro estraga muito da boa impressão citada acima. É uma pena. Em vários instantes a vontade maior foi a de abandonar a leitura, mas a boa impressão causada na primeira metade me fez seguir em frente e ver até onde aquela história seguiria.

A revista Veja fez uma reportagem de capa sobre este livro há alguns meses, elogiando bastante o resultado obtido pelo autor. A parte histórica do livro realmente vale muito a pena.

A leitura de livros de não ficção é sempre muito interessante, pelo aprendizado envolvido. Quando a história é muito antiga, como é o caso deste livro, a impressão que fica é a de que ficamos conhecendo uma pequena parte dela, muito influenciada pelo autor, até que façamos a leitura de um novo texto, com outro autor e com outra interpretação, que as vezes contraria tudo o que pensávamos saber a respeito. Por isto a história é sempre viva, e muito fascinante.

Abraços,

Henri

domingo, 20 de maio de 2012

O Testamento dos Séculos

Este é o título de outro livro de Henri Loevenbruck, autor francês que também escreveu Síndrome de Copérnico, sobre o qual falei aqui há alguns dias. Este livro foi lançado na França em 2003, mesmo ano de lançamento do livro Código da Vinci, de Dan Brown. Na capa do livro, lançado no Brasil em 2009, há uma chamada dizendo que quem leu o Código da Vinci não pode deixar de ler este livro. Claro que parte da história de Jesus está presente na trama.

Ambos são livros que tratam de descobertas e códigos secretos deixado em pinturas e artefatos antigos feitos por Leonardo da Vinci. O quadro Monalisa tem destaque nas duas obras, com foco diferente em cada uma delas: Dan Brown tenta explicar mais sobre o quadro, a representação do masculino e feminino existente nele, e meu xará sai em busca de um código secreto pintado nele.

O Livro "O testamento dos séculos" se inicia com um relato de um monastério completamente isolado no deserto da Judeia, onde os Monges levam uma vida de orações e onde guardam o último segredo deixado por Jesus Cristo.

Depois a ação do livro se muda para os Estados Unidos, onde um autor de sucesso em uma série americana, produzida pela HBO, com sexo como tema central, recebe a notícia da morte de seu pai, residente na França, e a quem não via há 11 anos. Há nova mudança de cenário, agora para a França, com novos personagens sendo inserido aos poucos na trama.

É um livro agradável de ler, porém inferior, pra mim, ao outro livro do mesmo autor, que comentei anteriormente. Achei o outro livro mais original, com toda a perturbação mostrada pelo esquizofrênico; este livro parece ser menos inspirado, embora também certamente trabalhoso de se escrever.

Estou agora terminando a leitura de outro livro, que fala sobre o Sudário - de novo Jesus como tema - mas este fica pra um próximo Post.

Abraços,

Henri


domingo, 6 de maio de 2012

Livros e filmes com final feliz

Um de meus hábitos é a leitura. Não sei precisar quantos livros leio anualmente, quando perguntado chuto em torno de 30 por ano, mas o número é muito impreciso. Um bom livro pode te prender por dias ou semanas, um livro ruim pode demorar um mês pra ser lido, quando conseguimos concluir a leitura. Mais do que o número de páginas do livro, influencia a maneira como o escritor trabalha, os capítulos curtos ou longos, a história envolvente ou chata, o nível de detalhes, e por aí vai.

Este ano já li alguns livros bons, outros nem tanto. Alguns que começaram bem, que a história parecia que ia ter uma guinada muito interessante... mas que acabaram na mesmice mais óbvia possível. Talvez haja uma preocupação em preservar as personagens, quem sabe pensando em uma continuação, ou ainda pela proximidade entre autor e personagem gerada durante a criação da obra.

O último livro que li foi Síndrome de Copérnico, do meu xará Henri Loevenbruck. Trata-se da história de Vigo Ravel, esquizofrênico, que ouve vozes e que sempre se julgou louco por conta disso. Ele consegue escapar de um atentado a um prédio, com um número recorde de mortos, por ter escutado uma voz que indicava que algo estava pra acontecer naquele local, e começa se questionar sobre sua loucura, sua doença, sua vida.

O livro é bastante interessante, até perturbador, conforme você acompanha a trajetória da personagem principal, seu envolvimento com as pessoas e a mania de perseguição que dá origem ao título. Acho que criei a expectativa de que o final fosse diferente. Mas de qualquer forma, vale a leitura.

O mesmo raciocínio vale para os filmes. Nas poucas vezes em que o final nos surpreende, e foge do lugar comum, saímos do cinema com uma sensação diferente, como se o roteirista não estivesse seguindo o combinado e ajeitando todas as coisas no final, como deveria ter sido feito. E é muito mais interessante quando ocorre desta maneira.

Um de meus projetos sonhados para o futuro é de escrever um livro. Uma ficção, que possa agregar algo a quem lê, e inspirada nos bons livros que já li, mas com algo a mais. E com certeza com um final fora do quadrado. Sem preservar personagens, mais ao estilo do George R. R. Martin da série Crônicas de Gelo e Fogo do que do Stieg Larsson, da série Millenium.

Quem sabe um dia eu chego lá.

Abraços,

Henri

terça-feira, 1 de maio de 2012

Poesias da Tia Carmem Larisca

Tia Carmem também foi morar no andar de cima, junto com muita gente que nos deixou muita saudade, como meu pai, que também está há pouco tempo em sua nova morada. Mais um dos irmãos da minha Vó U (ou Vó Lourdes) que foi lhe fazer companhia no Céu.

Papai gostava muito da Tia Carmem, e sei que a recíproca era verdadeira, pois muitas vezes ela me perguntava sobre ele e, há alguns anos, me confundia com ele.

Tia Carmem tinha dois dons especiais: o cuidado com as pessoas e a inspiração para escrever boas poesias. Em 2003 ela lançou um livro chamado Meditação, reunindo várias de suas poesias, e no dia do lançamento, na fila pra receber um autógrafo e conversando com Tio Edgard, seu marido, ele me mostra sua poesia favorita no livro, e que transcrevo abaixo:

O Morto
                         Primeiros Versos

Em lágrimas estavam lá na sala
Por toda parte andei, ninguém me viu!
Muitos sussurros, um alguém que fala,
Sabe o que era? Um vivo que partiu!...

Banhada em pranto, estava uma mulher,
Como chorava, triste, a coitadinha!
Não a beijei, nem lhe falei sequer
Era a mamãe, com rosto de santinha!

Repleta estava a casa... em todo canto.
Quando eu entrei, ninguém me percebeu.
Olhei bem de pertinho e com que espanto
Fui descobrir que o morto era ... eu!...

O livro tem várias poesias bem interessantes, muitas retratando a história da Tia Carmem, as homenagens ao primeiro marido, Tio Zeca, e ao segundo marido, Tio Edgard. Transcrevo mais uma, que também gostei bastante:

Para o meu Pai
                            Com saudades

O nosso lar ficou tão triste,
Com a tua ausência, Papai.
Para mim, nada mais existe,
Quando a alegria se vai!

Para sempre te amei, meu Pai querido
E por nada deste mundo
Eu queria te perder.
Agora tudo acabou,
E a saudade restou.
Quando eu me for... me espera, Pai!

Agradeço ao nosso Deus
O Pai que Ele me deu.
Saudade dos filhos teus,
Agora tudo escureceu.

Em oração suplicamos,
Para sempre o teu perdão.
Pai, nós sempre te amamos
Do fundo do coração.

Um dia te encontraremos
Lá no céu, junto a Jesus.
Todos juntos, lá estaremos
Buscando sempre mais luz!

E uma última, para que não fique a falsa impressão de que a morte era seu tema único:

Eu te amo

Um amor... uma esperança... e uma saudade...
A embalar nossos sonhos sem maldade.
Estou feliz amor... muito feliz... eu te encontrei
Agora sei o que é amar... porque te amei!

Sua voz tão doce, em súplica encantada
Nada exigindo, não pedindo nada,
É como o sol que queima... é chuva mansa e calma!
Que me agasalha o ser, tocando-me a alma!

Seu braço forte, tudo em mim desperta,
Estou segura quando ele me aperta,
E em meu ouvido sua voz murmura...

Em noite fria, me aquece o seu amor,
Seu corpo quente me envolve em seu calor
E eu me sinto feliz e tão segura...

A foto abaixo mostra os 10 irmãos: em pé, da esquerda para a direita, Tio Luiz, Tio Paulinho, Tio Vai e Tio Zezinho; sentadas, também a partir da esquerda, Tia Carmem, Tia Neusa, Vó U, Tia Nena, Tia Lila e Tia Ju.


Que a Tia Carmem possa ser feliz em sua nova casa.

Abraços,

Henri

sexta-feira, 6 de abril de 2012

Pagamos sempre, mas não usamos tanto assim

No último final de semana eu estava cumprindo o ritual de verificar as contas do mês anterior, e me chamou a atenção a quantidade de lançamentos periódicos nas minhas contas correntes, sejam pagamentos mensais, trimestrais ou até anuais. A participação destes lançamentos no montante final é cada vez maior, a cada vez temos mais gastos já assumidos antes até que o mês comece.

Normalmente os serviços nos são oferecidos num modelo que traz muita vantagem se você se torna um contribuinte mensal, ou frequente, versus um preço muito mais alto se você utilizar o serviço esporadicamente. Exemplos não faltam, segue abaixo alguns deles.

No caso da telefonia celular: você pode pagar mais de 5 vezes mais caro um minuto de ligação feita para um celular a partir do seu aparelho se você tiver um plano pré-pago, em comparação a um plano pós-pago. Parece ser uma vantagem grande: mas neste ponto você assume uma conta mensal ao invés de gastar somente quando vai usar o serviço. Considerando o número de minutos que você usa por mês: compensa?

Olhem agora o caso da TV por assinatura: você paga um valor maior para ter acesso aos canais de filmes, e pode assistir filmes 24 horas por dia (como se algum ser humano tivesse tempo pra isto), o que é muito mais barato por filme do que os alugar, por exemplo, nas locadoras ou em qualquer serviço que os entregue em sua casa. Mais um custo mensal pra você, mas será que compensa comparado aos filmes que você assiste?

Vamos então para a academia: é saudável, é necessário, e um plano que você pague o semestre ou o ano todo sai muito mais barato, por mês, do que um plano mensal, que você pode desistir quando quiser. Já pensou então quanto não custaria se houvesse um plano diário, daquele que você só paga quando usa? Na maioria dos casos seria mais vantajoso, pra algumas pessoas que não usam tanto quanto deveriam. A notícia triste é que não basta pagar a academia, tem que frequentar também, e se você não a frequenta como deveria, tenha certeza de que esta despesa não falta na sua conta corrente.

A contratação de serviços neste modelo de pague um preço mensal fixo, e use quanto quiser, é normalmente muito melhor para a empresa do que para o consumidor final: embora este tenha a sensação de que está contatando algo com muita vantagem financeira, e nos primeiros meses normalmente usa bastante o serviço, a empresa já sabe que na média o serviço será pouco usado depois de algum tempo, e que vai lucrar bastante no médio prazo. Já o consumidor vai conviver com este custo por muito tempo, até chegar a conclusão que não usa e tentar cortar o serviço (aí a novela é outra, mas esta fica pra outro post).

Isto não significa que os serviços pagos mensalmente não compensem pra ninguém, mas eles deveriam passar por uma verificação periódica para ver se realmente lhe servem, caso a caso.

No final do ano passado fiz uma pequena faxina nestes gastos, cortando aquilo que não valia a pena na conta, ou que eu tinha contatado como contrapartida para algum outro serviço. Demorei até 3 meses pra conseguir que alguns fossem desativados, mas pelas contas feitas no último final de semana, não foi suficiente. Vamos voltar à prancheta.

Abraços,

Henri

sábado, 31 de março de 2012

Naquela mesa

Papai, ou o Pops, era fã de alguns cantores nacionais, entre os quais Nelson Golçalves e Dolores Duran. Provavelmente os mais novos ou mais desligados em relação à música nacional nunca ouviram falar de nenhum dos dois.

Nelson Golçalves foi um dos maiores vendedores de discos no Brasil: mais de 75 milhões de cópias vendidas, segundo a wikipedia atrás apenas de Roberto Carlos e de Tonico e Tinoco. Estes números são muito impressionantes, nos 3 casos, pela época em que ocorreram, onde a vendagem de disco não era tão alta, e são impossíveis de serem repetidos agora, numa época em que discos e CDs vendem cada vez menos.

Dolores Duran foi uma cantora e compositora com uma carreira muito curta, pois morreu aos 29 anos de idade, em 1959. Papai tinha um album duplo dela com suas principais músicas, pura dor de cotovelo, fruto também de uma vida e carreira sofrida e bastante atribulada.

Mas voltando ao Nelsão, como o pops dizia, lembrei de uma música que ele cantava e que foi composta em 1970, por Sérgio Bittencourt, filho do Jacob do Bandolin, em homenagem ao pai, e que tem uma letra muito bonita, e que está transcrita abaixo:

Naquela mesa ele sentava sempre
E me dizia sempre o que é viver melhor
Naquela mesa ele contava histórias
Que hoje na memória eu guardo e sei de cor

 
Naquela mesa ele juntava gente
E contava contente o que fez de manhã
E nos seus olhos era tanto brilho
Que mais que seu filho, eu fiquei seu fã

 
Eu não sabia que doía tanto
Uma mesa num canto, uma casa e um jardim
Se eu soubesse o quanto dói a vida
Essa dor tão doída, não doía assim

 
Agora resta uma mesa na sala
E hoje ninguém mais fala do seu bandolim
Naquela mesa ta faltando ele
E a saudade dele ta doendo em mim

Esta era uma das músicas que papai mais gostava, e que certamente lembrava meu avô, mostrado ainda jovem na foto ao lado, e que nos deixou há mais de 30 anos.

Algumas partes da letra são muito fortes, principalmente pelo momento em que estamos vivendo. O "mais que seu filho, eu fiquei seu fã", "a dor tão doída", e "a saudade dele tá doendo em mim" batem diretamente no coração.

Saudades.

Henri

sábado, 24 de março de 2012

Homenagem ao Papai - Jornal BIS - Rotary Club de Santa Cruz das Palmeiras

Segue abaixo a terceira das homenagens que gostaria de publicar neste blog no dia de hoje. Ela foi escrita pelo atual presidente do Rotary Club de Santa Cruz das Palmeiras, o amigo Natal, com colaboração do amigo Chico Bueno. Foi mais uma das fontes de lágrimas desta última semana.

O texto está muito pequeno na imagem, porém está transcrito abaixo desta.


 
PALAVRA DO PRESIDENTE
(Natal Aparecido Del Santo)

Décio: presença sempre viva
A vida é um dom de Deus. Perguntamo-nos constantemente: Que é preciso para ser feliz? Por que estou neste mundo? Que quer o Criador que eu faça para merecer o seu amor, a sua misericórdia e a sua presença constante no meu coração onde quer que esteja?
A resposta é simples: seremos felizes, entenderemos o porquê de nossa existência e estaremos merecendo o amor, a misericórdia e a presença constante de Deus em nossa vida no momento em que aprendermos a sorrir e a chorar com nossos irmãos, no momento em que passarmos a brincar com nossas crianças, no momento em que entendermos as angústias de nossos jovens, no momento em que passarmos a respeitar nossos idosos, no momento em que contemplarmos com especial emoção a beleza de uma flor, o canto de um pássaro, a riqueza de mensagem contida numa bela música ou num hino de louvor ao Criador de todas as criaturas...
Há pessoas que passam por este mundo trazendo tanta bondade, tanta paz e tanto carinho no coração que acabam por nos dar a impressão de que Deus, no momento em que lhes deu a vida, convidou todos os anjos e santos para admirarem mais uma obra-prima criada num momento de raríssima inspiração.
Pessoas que espelham santidade num simples sorriso, na voz calma, na tranqüilidade de espírito, são como o sol que, festivamente, vem alegrar as manhãs daqueles que têm a feliz oportunidade de, sempre, observá-lo.
Décio Vagner Coelho foi – e continuará sendo - uma dessas pessoas. Quem teve a oportunidade e a honra de compartilhar de sua amizade tem-no como exemplo de pai, de esposo, de sogro, de avô e de amigo. O seu jeito simples de ser, o seu elevado espírito de fraternidade, o amor pela família e pelas causas sociais nos dão a certeza de que uma nova estrela passou, a partir do último dia 14 (quarta-feira), a brilhar com grande intensidade no céu de nossa Comunidade.
Ao registrar estas palavras é-nos impossível impedir que os olhos chorem a morte do amigo e companheiro de todas as horas. Ainda bem que a mente não deixa apagar as boas recordações.
Meu Deus, como dói a partida de quem tanto amamos. Como a saudade fere o peito. Como é triste a presença da ausência!
Fechamos os olhos para buscar na memória momentos importantes de convivência com aquele que, carinhosamente, chamávamos de “vô”, e então, vemos o fiel amigo e companheiro feliz por participar das festas, reuniões, jantares e atividades beneméritas promovidas pelo Rotary Club de Santa Cruz das Palmeiras, do qual foi fundador e primeiro presidente. Abrimos os olhos e vemos tudo isso presente num álbum de fotografias e pensamos: como seria sem graça a vida se alguém não tivesse inventado a fotografia para eternizar um momento.
E, assim, nessa mistura de sonho e realidade vamos dando por finda esta simples homenagem, repetindo, uma vez mais, as seguintes palavras de Beecher: “Depois que o sol desaparece no horizonte, o céu ainda brilha por uma hora inteira. Quando um homem bom desaparece, o céu deste mundo ainda continua iluminado por muito tempo, depois de sua partida. A figura de um homem assim não se apaga deste mundo. Quando vai, deixa na terra muito de si. Estando morto, ainda fala.”
Estimado companheiro Décio, muito obrigado por ter existido. Você estará sempre e muito vivo no coração de cada um de nós.
Até um dia.
Companheiros do Rotary Club de Santa Cruz das Palmeiras



Obrigado ao Natal e ao Chico pelas belas e inspiradas palavras.
A frase a seguir, retirada do texto, foi certamente tirada do fundo do coração, para nos emocionar demais: Como é triste a presença da ausência.

Abraços,

Henri

Homenagem ao Papai - Jornal A Tribuna

Segue abaixo imagem de uma matéria publicada no Jornal A Tribuna, de Santa Cruz das Palmeiras, no último dia 17/03/2012, contendo uma homenagem ao Papai.

O texto presente na imagem, caso esteja ruim para leitura, está transcrito abaixo desta.

in memorian
Décio Vagner Coelho
(*14/05/1943 - +14/03/2012)

Faleceu na última quarta-feira, dia 14, aos 68 anos de idade, Décio Vagner Coelho, destacado e atuante força na comunidade palmeirense nas questões filantrópicas e de ordem comunitária e altruística.
Ex-funcionário do extinto Banespa, teve participação ativa e articulação imprescindível na fundação do Rotary palmeirense, permanecendo fiel membro e efetivo condutor até sua morte, dedicando-se com afinco e abnegação, aplicando e vivendo de forma impecável seus princípios.
Décio também foi atuante em diversas entidades assistenciais, educativas, de saúde e esportivas da cidade, ligado à APAE (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais), Hospital e Maternidade Coronel Juca Ferreira (Santa Casa), Esporte Clube Palmeirense e (um dos fundadores) do Clube de Xadrez de Santa Cruz das Palmeiras (onde integrou a primeira equipe oficial do clube em disputas federadas ao lado do Ju, Aylton Guimarães, Zago, Toninho Baston e dr Jarbas de Tambaú).
Décio era natural de Monte Santo de Minas, terra natal onde foi sepultado na quinta-feira, dia 15, pela manhã, deixou esposa, Maria de Lourdes Depintor Coelho, quatro filhos e netos, e um batalhão de amigos e admiradores, entre eles, sob estima e distinta consideração, membros rotários de todo o estado bandeirante.
Décio foi assíduo leitor deste semanário desde sua chegada na terra das palmeiras, e recebe aqui homenagem póstuma de todos nós da Redação pelos seus inestimáveis serviços de cunho altruísticos prestados à comunidade palmeirense.
Deus o tenha.

Meus agradecimentos ao Jornal A Tribuna e particularmente ao Ju, companheiro de várias partidas de Xadrez no Clube. Papai foi fazer companhia ao grande Dudízio, fundador do jornal, entre tantos outros grandes nomes que nos deixaram e que, certamente, estão num lugar muito bom neste momento.

Abraços,

Henri

Homenagem ao Papai - Jornal Gazeta Palmeirense

Segue abaixo a matéria publicada no jornal Gazeta Palmeirense, em 17/03/2012, escrita pelo amigo Chico Bueno, sobre o papai.
O texto, caso a imagem esteja ruim pra ler, está copiado abaixo da imagem.


Amigo Décio
(Francisco Bueno)

Na última quarta-feira 14, recebemos, logo depois do almoço, a notícia de que o nosso estimado amigo Décio Vagner Coelho, o Décio do Banespa ou o Décio do Posto 24 horas, havia falecido. 

Sabíamos, sim, que há um bom tempo ele não estava bem de saúde, mas, sinceramente, jamais podíamos imaginar que partiria tão rapidamente para a Casa do Pai.

Tivemos a honra, a alegria e o privilégio de desfrutar de sua amizade desde 07.07.1977 quando aqui chegou para trabalhar no Banespa, inaugurado em 20.10.1976, ocupando, primeiramente, o cargo de Chefe de Serviço. Na hierarquia da empresa, éramos seu subordinado e assim permanecemos até dezembro/1986, quando, por concurso, passamos a desempenhar a função de advogado do banco. Nossa amizade nunca foi abalada e, pra falar a verdade, fortaleceu-se ainda mais quando nos tornamos “companheiros de Rotary”, situação esta que nos permitiu a, carinhosamente, chamá-lo, para deleite dos demais companheiros, de “vô”.

O último contato que tivemos se deu pelo facebook às 17h17 do sábado do dia 25 do mês passado e as palavras de carinho ali registradas estão reproduzidas de forma indelével em nosso coração.

Na tarde do dia em que Décio nos deixou, quisemos ver novamente o seu “perfil pessoal” no facebook e, então, deparamos com a seguinte mensagem de sua netinha Fernanda Martins, que nos comoveu profundamente: “Quando chegava lá, um enorme sorriso abria no seu rosto. Simpático, sempre alegre, ele era assim. Mesmo em outra dimensão, ele está comigo, e sempre estará. Lindo ele era, e pra sempre será. Nunca esquecerei daquele enorme e confortável abraço que me dava logo que me via. Ele era assim, e sempre será. Aquele vô que todo mundo sonha, meu vô. Pra sempre no meu coração. Te amo vô Decio!”

Saiba, Fernanda, que nós também amamos, e muito, o “vô Décio”. Saiba, ainda, que hoje o céu está mais alegre por receber um homem que foi exemplo de gente nesta terra.

Em várias missas celebradas em nossa Paróquia, tivemos a oportunidade de mencionar sábias palavras de um escritor chamado Beecher, que agora repetimos: “Depois que o sol desaparece no horizonte, o céu ainda brilha por uma hora inteira. Quando um homem bom desaparece, o céu deste mundo ainda continua iluminado por muito tempo, depois de sua partida. A figura de um homem assim não se apaga deste mundo. Quando vai, deixa na terra muito de si. Estando morto, ainda fala.”
Querido vô Décio, até um dia. Descanse em paz e, por favor, olhe por todos nós enquanto estivermos por aqui. Um enorme beijo no seu coração.

(Publicado no jornal “Gazeta Palmeirense”, Edição de 17.03.2012, pág.9)


Ao Chico Bueno, meus agradecimentos por ter sido tão feliz no texto.

Abraços,

Henri

sábado, 21 de janeiro de 2012

Os homens que não amavam as mulheres

O livro Os homens que não amavam as mulheres, de Stieg Larsson, tem características bem interessantes. O título do livro, pelo menos em português, serve para afastar a maior parte dos leitores, e por ele você não tem ideia de que se trata de um thriller muito legal.

A história é muito boa e muito bem bolada. A ação do livro é lenta no início, quando você vai se habituando às personagens, e depois passa a ser eletrizante, até chegar em mais ou menos 80% do seu conteúdo. Depois, quando a maioria dos autores gastaria 5 a 10 páginas para dar um final feliz ao assunto, a ação volta a um ritmo mais lento por mais páginas e prepara o terreno pros volumes seguintes.

Este livro é o primeiro da trilogia (como está tão em moda) chamada Millenium. O grande detalhe é que não cabe continuidade a esta trilogia: um ataque cardíaco infelizmente matou o autor dos livros, segundo a breve biografia que acompanha os volumes, pouco tempo depois de ele ter entregue os originais da trilogia à editora.

Neste mês está sendo lançado no Brasil um filme sobre o livro, feito em Holliwood: já houve um outro filme, sueco, de 2009, que retratava esta história, mas que não teve tanto destaque. O filme mais novo, com o título The girl with the dragon tattoo, com Daniel Craig, Rooney Mara e Christopher Plummer, foi lançado com boa repercussão em dezembro de 2011 nos Estados Unidos e na Europa.

No livro, há 2 personagens principais: o jornalista Mikael Blomkvist, que começa o livro em baixa por ter perdido um processo por calúnia e difamação, sendo condenado à prisão por 3 meses, e uma investigadora particular, sem dúvida uma personagem muito marcante, chamada Lisbeth Salander. A história dos dois começa a ser mostrada de forma separada, e depois ela é entrelaçada numa investigação iniciada pelo jornalista.

A leitura vale a pena:  a trilogia é vendida em 2 edições, uma chamada econômica e outra com um acabamento melhor, mas que pra mim não se justifica. E qual a nota que este livro merece? Deveria ser 10, mas vamos descontar um décimo pelo título.

Abraços,

Henri