sábado, 25 de agosto de 2012

Livros x e-books

Estes dias estava pensando no processo de criação de um livro. Procurei dividir este processo em algumas etapas para facilitar o raciocínio.

Em primeiro lugar um autor (em geral somente um, mas às vezes mais de um) escreve o livro. Este é o principal processo, e certamente o mais demorado: são semanas, ou meses ou até anos trabalhando no enredo, nos detalhes, nas pesquisas, na busca de inspiração até que se tem um produto final.

Este produto passa, então, por uma ou mais críticas, desde a revisão gramatical até a opinião de outros críticos, normalmente mais chegados, que vão dar suas contribuições. Cabe ao autor aceitá-las ou não.

Vou pular uma parte importante, de forma proposital, agora: a negociação com editora para a publicação do livro. Isto pode ter ocorrido a qualquer instante, muitas vezes até antes da escrita do livro.

Em seguida o livro é diagramado por um profissional, ou por um software, nos casos mais simples. Deste processo, temos o primeiro resultado final, que é um livro pronto para ser lido com apoio de um software, como o Adobe PDF. Isto demora alguns dias para ser feito.

Este processo, até este ponto, é o mesmo, não importa se o livro terá um formato digital ou se será impresso. É a parte mais trabalhosa. Deveria ser a mais cara.

Depois disso há uma bifurcação: o livro pode ser convertido para um formato vendável para ser lido em dispositivos especiais - nos computadores ou nos tablets, geralmente num formato chamado EPUB. Ou o livro pode ser impresso, para a leitura no formato tradicional.

No formato tradicional, entram agora diversos custos: o papel que será gasto, o tempo da impressão, o trabalho dos profissionais que imprimem os livros, a impressão da capa, a montagem do livro (que pode ser mecanizada ou não), o lucro da empresa que imprime os livros. Quando os exemplares estão prontos, temos o custo de logística e transporte, para armazenar os livros nas distribuidoras, transportá-los para as livrarias, supermercados ou outros pontos de venda, que vão ter também o custo do estoque até a venda final e sua margem nesta operação.

Não sou especialista neste mercado, atuo somente na parte final, sendo um leitor bastante frequente de livros. O que já li, em vários casos, é que um autor mediano, não um best seller, normalmente ganha 1 ou 2 reais por exemplar vendido. Considerando que um livro novo hoje seja vendido por, pelo menos, R$ 20,00, o autor, que produziu a obra, ficou com 5 a 10% do valor.

Já li também que o ponto de venda tem uma margem entre 30% e 50% do valor, ou seja, a impressão do livro e sua distribuição devem custar algo entre 40% e 60% do valor final do livro.

Já no caso do livro digital não há impressão, nem custo de estoque, nem transporte entre a editora e o ponto de venda. Neste caso, qual o sentido que faz os livros, nos 2 formatos, custarem a mesma coisa? No mínimo, para não sacrificar o ponto de venda, deveria custar 40% a menos que o exemplar físico, e ainda assim seria um absurdo.

Já é difícil as pessoas terem o hábito da leitura, porém com a proliferação dos tablets, principalmente, a cadeia deveria lucrar um pouco menos para vender um pouco mais. Não concordam?

Abraços de um inconformado proprietário de um tablet recém-comprado para ser um leitor de livros digitais.

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