domingo, 23 de outubro de 2011

Os Altruístas e a censura

Na semana passada assisti a uma peça de teatro chamada Os Altruístas, com a atuação da Mariana Ximenes, e um elenco de mais 4 (ou 5) atores, recomendada para maiores de 18 anos. É difícil dizer se é uma peça que valha muito a pena assistir ou não: por se tratar de uma comédia, vai muito do estado de espírito de quem está assistindo achar graça das piadas ou achar estas piadas bobas ou ofensivas.

Algumas características interessantes da peça, sem procurar tirar a surpresa de quem decidir gastar seus reais para assistí-la:

  • A peça abusa de piadas politicamente incorretas, e não poupa nenhum dos estereótipos. Se você não acha graça deste tipo de piada, nem pense em assistir, a decepção vai ser grande.
  • Muitas das cenas tem temática sexual, sem distinção de gênero, com uso frequente de palavrões. O ator mais engraçado da peça faz o papel de um homosexual bem afetado.
  • Há uma proposital confusão entre as cenas. Demora alguns minutos para que você se oriente sobre o que representa o cenário, e se acostume com a rápida transição entre as cenas.

Neste dia nos sentamos ao lado de um casal que, com certeza, não achou graça de nenhuma das piadas. Enquanto eu dava algumas gargalhadas, eles ficavam quietos e sérios. Acho que saíram bem decepcionados do teatro, mas o pequeno guia acima é suficiente pra evitar que alguém também saia chateado.

O uso das piadas mais ofensivas da peça me lembrou um pouco o caso do Rafinha Bastos, do CQC - TV Bandeirantes, tão execrado ultimamente por conta de suas piadas mais ácidas. Antes xingado por muitos pelas piadas feitas no programa de TV, em rede nacional, principalmente naquela infeliz feita sobre uma cantora, agora qualquer coisa que ele fala vai para as principais páginas dos portais internet, e com certeza para vários programas de TV, dizendo que ele falou mal de alguém ou de alguma empresa no teatro, em uma entrevista, no twitter, e por aí vai.

O fato de falar bem ou mal, na vida de alguém conhecido, pode ser até bom para mantê-lo em evidência. Porém, a direção do canal de TV talvez tenha feito algo precipitado, e que não é bom para uma rede que busca atrelar sua imagem à democracia: ao retaliar o humorista, proibindo-o de participar dos programas onde atua, fez uma censura pesada para que pudesse ficar bem com seus anunciantes, e deve acabar perdendo o artista para outra rede de TV. A audiência, que gosta deste tipo de provocação e piadas, vai atrás, e atrás dela os anunciantes. Ou seja: talvez o posicionamento da rede de TV não tenha sido o mais inteligente no médio prazo, embora fosse o mais fácil no curto prazo.

Pra quem já assistiu qualquer stand-up comedy, se você se importar com piadas sobre gordos, mesmo sendo gordo, como é meu caso, sobre loiras, portugueses, homosexuais, etc, é mais saudável usar o seu direito à liberdade e não usar seu tempo assistindo a isto. Entendo que o mesmo valha para a TV: use a liberdade para mudar de canal, ler um livro ou fazer uma atividade muito mais prazerosa. Mesmo que esta atividade também possa ser censurada.

Abraços,

Henri Coelho

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