Parábola sobre economia |
Um dos livros que li e gostei foi "O motorista e o milionário", de Joachim de Posada e Ellen Singer. É um livro com poucas páginas, que li junto com meus filhos, uma ou duas páginas por noite, antes deles dormirem, deve fazer uns 5 anos. Eu fazia uma voz com uma entonação diferente quando o motorista falava, e eles gostavam bastante disso.E o que o livro ensinava? A poupar, como tantos outros. Só que fazia isto de uma maneira bem simples, inicialmente poupando um bombom no dia e depois conseguindo transformar sua vida a partir dos resultados obtidos ao longo dos tempos. Pra mim é um livro pelo menos nota 7.
E esta é a mensagem mais difícil de fazer. É muito fácil de falar, é muito difícil de praticar. A regra simples, mas simples mesmo, de poupar 10% do que você ganha, como um dinheiro que você esquece e que vai garantir sua vida no futuro, é muito legal - e precisa haver muito comprometimento pra levar adiante.
Uma maneira simplória de fazer isto, mas eficiente, é retirar os 10% ao receber seu pagamento - de todos eles, mesmo que você tenha mais de uma fonte de renda. Se você retira isto primeiro, você precisará se controlar para que os outros 90% sejam suficientes para bancar todas as suas contas. Outra regra, também básica e também difícil, é a de não gastar mais do que você ganha - pagar juros a alguém ou algum banco não é também uma boa maneira de construir um patrimônio.
E o que é muito interessante é o chamado poder dos juros, no longo prazo. Esquecendo-se da inflação, se você tiver uma aplicação feita mensalmente de 100,00, aplicados a taxa de juros diferentes, quando se fala de um prazo mais longo o valor acumulado pode ser muito alto. Veja a tabelinha simples abaixo, onde é mostrado, ao longo de 5, 10, até 40 anos, o valor investido e o valor acumulado, considerando as taxas de juros de 0,50% a 1,00% ao mês.
Acho sempre impressionante que o valor dos juros no longo prazo. Quando você olha um horizonte de 5 anos, o valor acumulado com uma taxa de juros de 0,5% é menor do que o valor a uma taxa de juros de 1%, mas não é tão menor - o valor acumulado seria de 8,1 mil contra 6,9 mil. Quando você olha em 20 anos, o valor é muito diferente: enquanto na taxa de juros menor você teria quase dobrado seu o fruto de sua contribuição (você teria investido 24 mil e teria mais de 46 mil de saldo), na taxa de juros de 1% você teria quadruplicado seu investimento, estando com 98 mil. Com 40 anos de contribuição, então, a comparação é covardia.
Outro exercício muito legal é você saber quanto teria que acumular pra poder viver apenas do valor investido. De novo, importa muito a taxa de juros que você consegue no seu investimento. No mesmo exercício acima, se você aplicou 100,00 por mês durante o tempo necessário, e supondo que você tenha como rendimento 1.000,00 por mês (seguindo a regra dos 10%), quando você tiver um fundo que lhe dê de rendimento mensal 10x o valor de sua aplicação, você poderia passar a viver apenas deste rendimento, sem a necessidade de outras fontes de renda, desde que a sua renda mensal seja suficiente pra pagar suas contas.
Olhe o exercício abaixo, que considera qual o tamanho do fundo necessário pra gerar uma renda de 1.000 por mês de acordo com a taxa de juros mensal:
Combinando uma tabela com a outra, em pouco mais de 20 anos você poderia se aposentar na taxa de juros de 1%, contra pouco mais de 40 na taxa de juros de 0,5%. Tudo isto, claro, descontada a inflação. O mais legal é que o exercício acima é o mesmo, não importa quanto sejam seus 10%, se for 50,00 basta dividir todos os valores, das 2 tabelas, por 2; se for 1.000,00, basta multiplicar por 10 todos os valores financeiros das 2 tabelas. Mas é possível fazer outros exercícios depois.
E teria sido muito melhor se estes exercícios fossem feitos com alguma outra história de fundo, não seria? Seria mais palatável.
Abraços,
Henri Coelho
"Qualquer homem que tenha que dizer 'sou o rei' não é rei de verdade" - Lorde Tywin, "Crônica de Gelo e Fogo", George R R Martin.
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