sábado, 26 de maio de 2012

O Sinal

Minha última leitura foi o livro O Sinal, do historiador Thomas de Wesselow, que tem como subtítulo "O Santo Sudário e o Segredo da Ressureição".

Trata-se de um livro histórico: na orelha do livro, há a informação de que o autor se dedica, em tempo integral, desde 2007, ao estudo histórico do Santo Sudário. O número de referências consultadas e citadas nas notas explicativas é bastante grande, mostrando que houve muito esforço para a escrita do livro.

O Santo Sudário é um lençol de linho de grande dimensão, atualmente guardado em Turim, na Itália, que teria envolvido o corpo de Jesus Cristo após sua crucificação e até sua ressureição. Neste lençol há uma imagem de um homem de corpo inteiro, tanto de frente quanto de costas. Este homem está nu, com as mãos cobre sua genitália, e mostra muitas marcas de sangue e sinais de tortura.

A imagem do Sudário é até mais impressionante no negativo do que vista diretamente. A foto ao lado mostra a visão frontal do Sudário com as duas imagens, à esquerda a imagem original e à direita o negativo desta imagem. Quando um fotógrafo amador tirou a primeira foto do sudário e foi fazer a revelação da mesma, é que se percebeu este detalhe que faz toda a diferença.

O livro é dividido em várias seções, mas há duas divisões claras: há uma parte histórica, na qual algumas suposições são feitas para justificar alguns pontos onde há várias teorias possíveis, e outra parte onde há uma grande suposição, e tenta-se justificar boa parte da história baseando-se nesta única suposição.

A primeira parte é a melhor parte do livro: é feita toda a reconstituição histórica da viagem do Sudário de Jerusalém até Turim, com todas as suas paradas, citado como o Sudário havia ficado escondido durante vários séculos sem que ninguém soubesse de sua existência, dobrado num quadro onde apenas o rosto aparecia. A Bíblia é usada em diversos pontos como fonte histórica, com os livros citados do Novo Testamento sendo contextualizados quanto à época de sua escrita, sua autoria, seu grau de confiabilidade, na visão do autor, com alguns outros textos históricos e os chamados Evangelhos Apócrifos também sendo usados como referência.

O principal ponto de questionamento acerca da veracidade do Sudário, que foi uma datação por carbono feita do lençol no final da década de 80, também é muito comentado: neste episódio os três laboratórios classificaram o lençol como tendo sido produzido na Idade Média, por volta do ano de 1.300 D.C., o que o inviabilizaria como lençol mortuário de Jesus. Todas as possíveis falhas deste processo de datação são explicadas no livro.

Na metade do livro há várias páginas que mostram imagens do Sudário, de quadros que o referenciam, de imagens 3D feitas a partir dele e até de esquemas que mostram como o Sudário teria coberto o corpo de Cristo. Em que pese a questionada "prova científica" de que o Sudário é falso, ao chegar nesta parte o leitor se convence de que a relíquia é verdadeira.

A segunda parte do livro estraga muito da boa impressão citada acima. É uma pena. Em vários instantes a vontade maior foi a de abandonar a leitura, mas a boa impressão causada na primeira metade me fez seguir em frente e ver até onde aquela história seguiria.

A revista Veja fez uma reportagem de capa sobre este livro há alguns meses, elogiando bastante o resultado obtido pelo autor. A parte histórica do livro realmente vale muito a pena.

A leitura de livros de não ficção é sempre muito interessante, pelo aprendizado envolvido. Quando a história é muito antiga, como é o caso deste livro, a impressão que fica é a de que ficamos conhecendo uma pequena parte dela, muito influenciada pelo autor, até que façamos a leitura de um novo texto, com outro autor e com outra interpretação, que as vezes contraria tudo o que pensávamos saber a respeito. Por isto a história é sempre viva, e muito fascinante.

Abraços,

Henri

domingo, 20 de maio de 2012

O Testamento dos Séculos

Este é o título de outro livro de Henri Loevenbruck, autor francês que também escreveu Síndrome de Copérnico, sobre o qual falei aqui há alguns dias. Este livro foi lançado na França em 2003, mesmo ano de lançamento do livro Código da Vinci, de Dan Brown. Na capa do livro, lançado no Brasil em 2009, há uma chamada dizendo que quem leu o Código da Vinci não pode deixar de ler este livro. Claro que parte da história de Jesus está presente na trama.

Ambos são livros que tratam de descobertas e códigos secretos deixado em pinturas e artefatos antigos feitos por Leonardo da Vinci. O quadro Monalisa tem destaque nas duas obras, com foco diferente em cada uma delas: Dan Brown tenta explicar mais sobre o quadro, a representação do masculino e feminino existente nele, e meu xará sai em busca de um código secreto pintado nele.

O Livro "O testamento dos séculos" se inicia com um relato de um monastério completamente isolado no deserto da Judeia, onde os Monges levam uma vida de orações e onde guardam o último segredo deixado por Jesus Cristo.

Depois a ação do livro se muda para os Estados Unidos, onde um autor de sucesso em uma série americana, produzida pela HBO, com sexo como tema central, recebe a notícia da morte de seu pai, residente na França, e a quem não via há 11 anos. Há nova mudança de cenário, agora para a França, com novos personagens sendo inserido aos poucos na trama.

É um livro agradável de ler, porém inferior, pra mim, ao outro livro do mesmo autor, que comentei anteriormente. Achei o outro livro mais original, com toda a perturbação mostrada pelo esquizofrênico; este livro parece ser menos inspirado, embora também certamente trabalhoso de se escrever.

Estou agora terminando a leitura de outro livro, que fala sobre o Sudário - de novo Jesus como tema - mas este fica pra um próximo Post.

Abraços,

Henri


domingo, 6 de maio de 2012

Livros e filmes com final feliz

Um de meus hábitos é a leitura. Não sei precisar quantos livros leio anualmente, quando perguntado chuto em torno de 30 por ano, mas o número é muito impreciso. Um bom livro pode te prender por dias ou semanas, um livro ruim pode demorar um mês pra ser lido, quando conseguimos concluir a leitura. Mais do que o número de páginas do livro, influencia a maneira como o escritor trabalha, os capítulos curtos ou longos, a história envolvente ou chata, o nível de detalhes, e por aí vai.

Este ano já li alguns livros bons, outros nem tanto. Alguns que começaram bem, que a história parecia que ia ter uma guinada muito interessante... mas que acabaram na mesmice mais óbvia possível. Talvez haja uma preocupação em preservar as personagens, quem sabe pensando em uma continuação, ou ainda pela proximidade entre autor e personagem gerada durante a criação da obra.

O último livro que li foi Síndrome de Copérnico, do meu xará Henri Loevenbruck. Trata-se da história de Vigo Ravel, esquizofrênico, que ouve vozes e que sempre se julgou louco por conta disso. Ele consegue escapar de um atentado a um prédio, com um número recorde de mortos, por ter escutado uma voz que indicava que algo estava pra acontecer naquele local, e começa se questionar sobre sua loucura, sua doença, sua vida.

O livro é bastante interessante, até perturbador, conforme você acompanha a trajetória da personagem principal, seu envolvimento com as pessoas e a mania de perseguição que dá origem ao título. Acho que criei a expectativa de que o final fosse diferente. Mas de qualquer forma, vale a leitura.

O mesmo raciocínio vale para os filmes. Nas poucas vezes em que o final nos surpreende, e foge do lugar comum, saímos do cinema com uma sensação diferente, como se o roteirista não estivesse seguindo o combinado e ajeitando todas as coisas no final, como deveria ter sido feito. E é muito mais interessante quando ocorre desta maneira.

Um de meus projetos sonhados para o futuro é de escrever um livro. Uma ficção, que possa agregar algo a quem lê, e inspirada nos bons livros que já li, mas com algo a mais. E com certeza com um final fora do quadrado. Sem preservar personagens, mais ao estilo do George R. R. Martin da série Crônicas de Gelo e Fogo do que do Stieg Larsson, da série Millenium.

Quem sabe um dia eu chego lá.

Abraços,

Henri

terça-feira, 1 de maio de 2012

Poesias da Tia Carmem Larisca

Tia Carmem também foi morar no andar de cima, junto com muita gente que nos deixou muita saudade, como meu pai, que também está há pouco tempo em sua nova morada. Mais um dos irmãos da minha Vó U (ou Vó Lourdes) que foi lhe fazer companhia no Céu.

Papai gostava muito da Tia Carmem, e sei que a recíproca era verdadeira, pois muitas vezes ela me perguntava sobre ele e, há alguns anos, me confundia com ele.

Tia Carmem tinha dois dons especiais: o cuidado com as pessoas e a inspiração para escrever boas poesias. Em 2003 ela lançou um livro chamado Meditação, reunindo várias de suas poesias, e no dia do lançamento, na fila pra receber um autógrafo e conversando com Tio Edgard, seu marido, ele me mostra sua poesia favorita no livro, e que transcrevo abaixo:

O Morto
                         Primeiros Versos

Em lágrimas estavam lá na sala
Por toda parte andei, ninguém me viu!
Muitos sussurros, um alguém que fala,
Sabe o que era? Um vivo que partiu!...

Banhada em pranto, estava uma mulher,
Como chorava, triste, a coitadinha!
Não a beijei, nem lhe falei sequer
Era a mamãe, com rosto de santinha!

Repleta estava a casa... em todo canto.
Quando eu entrei, ninguém me percebeu.
Olhei bem de pertinho e com que espanto
Fui descobrir que o morto era ... eu!...

O livro tem várias poesias bem interessantes, muitas retratando a história da Tia Carmem, as homenagens ao primeiro marido, Tio Zeca, e ao segundo marido, Tio Edgard. Transcrevo mais uma, que também gostei bastante:

Para o meu Pai
                            Com saudades

O nosso lar ficou tão triste,
Com a tua ausência, Papai.
Para mim, nada mais existe,
Quando a alegria se vai!

Para sempre te amei, meu Pai querido
E por nada deste mundo
Eu queria te perder.
Agora tudo acabou,
E a saudade restou.
Quando eu me for... me espera, Pai!

Agradeço ao nosso Deus
O Pai que Ele me deu.
Saudade dos filhos teus,
Agora tudo escureceu.

Em oração suplicamos,
Para sempre o teu perdão.
Pai, nós sempre te amamos
Do fundo do coração.

Um dia te encontraremos
Lá no céu, junto a Jesus.
Todos juntos, lá estaremos
Buscando sempre mais luz!

E uma última, para que não fique a falsa impressão de que a morte era seu tema único:

Eu te amo

Um amor... uma esperança... e uma saudade...
A embalar nossos sonhos sem maldade.
Estou feliz amor... muito feliz... eu te encontrei
Agora sei o que é amar... porque te amei!

Sua voz tão doce, em súplica encantada
Nada exigindo, não pedindo nada,
É como o sol que queima... é chuva mansa e calma!
Que me agasalha o ser, tocando-me a alma!

Seu braço forte, tudo em mim desperta,
Estou segura quando ele me aperta,
E em meu ouvido sua voz murmura...

Em noite fria, me aquece o seu amor,
Seu corpo quente me envolve em seu calor
E eu me sinto feliz e tão segura...

A foto abaixo mostra os 10 irmãos: em pé, da esquerda para a direita, Tio Luiz, Tio Paulinho, Tio Vai e Tio Zezinho; sentadas, também a partir da esquerda, Tia Carmem, Tia Neusa, Vó U, Tia Nena, Tia Lila e Tia Ju.


Que a Tia Carmem possa ser feliz em sua nova casa.

Abraços,

Henri