sábado, 27 de dezembro de 2014

Eternidade por um fio, de Ken Follett


Um livro com mais de 1.000 páginas: certamente um desafio intransponível para a maior parte das pessoas, daqueles que a maioria olha e pensa: nem matando eu vou ler um livro destes (o verbo mudou em respeito a um ou outro leitor desavisado que venha a cair neste texto e que pudesse se ofender).

O que posso dizer pra estes, que não encarariam este desafio: vocês não sabem o que estão perdendo. E na linha deste blog, não vamos contar muita coisa sobre o livro, mas quem sabe despertar alguma curiosidade em quem está em dúvida se lê ou não.

O livro faz parte de uma trilogia, isto que virou moda de uns anos pra cá. O primeiro livro da trilogia "O Século", "Queda de Gigantes", aborda o período da 1ª Guerra Mundial, sob o ponto de vista de diferentes famílias (uma russa, outra inglesa, outra alemã e por aí vai). Isto tudo misturando personagens reais e fictícios, e te passando uma visão de como cada um dos lados enxergava o conflito e sofria com ele. Os personagens, é claro, estão presentes na maioria das passagens interessantes, se relacionando com os personagens reais.

O segundo livro, "Inverno do Mundo", aborda os descendentes destes personagens e alguns personagens novos durante o período da 2ª Guerra Mundial. O modelo é o mesmo: personagens reais misturados aos fictícios, estes últimos presentes nos pontos onde a guerra se desdobra, seja no front ou nos bastidores.

E, para fechar a trilogia, o último livro "Eternidade por um fio" mostra os bastidores da guerra fria, novamente mostrando os descendentes das famílias anteriores e alguns personagens novos, todos eles próximos dos principais acontecimentos do período. O livro aborda o período da construção até a queda do muro de Berlim e a questão dos direitos civis nos Estados Unidos, passando por tudo que houve de mais relevante no período.

 
Dos três livros, é o que mais gostei. Talvez por tratar um período mais próximo, talvez por mostrar muito do que se passava por trás da Cortina de Ferro, que sempre foi muito escondido de todos, talvez por ter os personagens reais que ouvimos falar, por bastante tempo, no noticiário diário da TV, não sei a razão, mas é sensacional. E por mais que você saiba os principais pontos da história, a leitura vale muito a pena.

São mais de 1.000 páginas. Deliciosas. Obra prima do Ken Follett. E se você comprar a versão física e não o e-book, o exercício de levantar  mais de 1 Kg também ajuda a queimar umas calorias.

Abraços,
 
Henri Coelho

sábado, 8 de novembro de 2014

Vídeos e algumas histórias

Nesta semana tivemos a apresentação de violão na escola dos meus filhos. Filmamos algumas apresentações, onde eles participam. Aproveito este texto para registrar algumas coisas que achei interessantes.

A apresentação abrange alunos em diversos graus de aprendizado, desde crianças que começaram a estudar violão neste ano, até alunos que tem vários anos de aprendizado. O último estágio se chama Camerata, do qual o Lucas participa desde o ano passado. Como são os alunos mais avançados, eles frequentemente participam apoiando as apresentações dos alunos mais novos, e tem diversas apresentações somente do grupo.

A apresentação da Camerata abaixo se chama Libertango. Não tem vocal, apenas guitarras, violões e um carron tocado por um professor, Jackson. Mostra bem o grau de entrosamento dos alunos, com cada instrumento participando da música de forma diferente e complementar:

Libertango

Como na Camerata haviam 3 formandos, eles deveriam se apresentar individualmente ou em duplas. O Lucas, em conjunto com a Isabela, tocaram uma música chamada Shadows, da Lindsey Stirling. O detalhe é que não tinham tablatura desta música: o Lucas ficou alguns dias equipado com computador, guitarra, amplificador, papel e caneta ouvindo a música diversas vezes até escrever toda a tablatura e poder se apresentar com ela. Pra quem gosta de guitarra, um prato cheio:


Numa apresentação da turma da Fernanda, ele também atuou no vocal na música do Michael Jackson - Love never felt so good. Foi muito legal, pessoal bem entrosado, com a participação da professora no violão e outro professor na guitarra. O final da música é bem legal.


A música abaixo foi tocada próxima do fechamento da apresentação. Nela a Camerata toca com um vocal feito pelo Henrique, outro formando, e pela Fernanda, e com uma turma no backing vocal mais do que selecionada: foram os cantores de outras das apresentações da noite. Foi muito aplaudida.
 

 
Foram duas noites com muita emoção para todos que puderam assistir. Impressiona o quanto a música tem o poder de emocionar a todos.

Abraços,

Henri

(os links em que os vídeos são acessados em outra página se devem a algum bloqueio do youtube ou a inabilidade deste escriba).

sábado, 18 de outubro de 2014

O modelo de debate eleitoral está falido

Esta charge, do Jornal de Brasília, ilustra bem o modelo atual de debates eleitorais:


Mas será que tem mesmo que ser assim?

Pelos números das últimas eleições presidenciais, tivemos mais de 27% de eleitores brasileiros que optaram por não votar em nenhum candidato, incluindo pessoas que não compareceram à votação, tendo justificado ou não a sua ausência, e as pessoas que compareceram e optaram por votar em branco ou anular seu voto.


Por outro lado, do total de votos válidos, mais de 75% votaram em um dos dois candidatos que foram para o segundo turno.


Excluindo-se então as pessoas que não votaram no primeiro turno, os votos brancos e nulos, pois a possibilidade de que façam a mesma coisa no segundo turno é grande, e as pessoas que escolheram um dos dois candidatos, e que, pela lógica, devem repetir seus votos no segundo turno, temos mais de 25 milhões de eleitores que não poderão repetir seu voto no segundo turno, e que precisarão decidir se farão parte dos que escolhem um dos dois candidatos ou dos que se abstém da escolha.

Feita a introdução, vamos ao que interessa: um dos processos que deveria auxiliar muito nesta escolha são os debates eleitorais. Mas nosso modelo está completamente falido.

Mesmo que você seja um dos 78 milhões de brasileiros que já votaram num dos dois candidatos que foram ao segundo turno, ou um dos 25 milhões que votaram em outro candidato e que já optaram por uma das duas candidaturas restantes, experimente assistir a qualquer um dos debates tentando deixar a torcida de lado. Veja o que é possível aproveitar dali.

O resultado é muito ruim. Comecei a fazer este esforço, independente da minha escolha, no meio do último debate no SBT, pois começou a me chamar a atenção de que a pancadaria estava passando do ponto. E procurei me imaginar como um dos indecisos, procurando excluir a simpatia por uma das candidatura e a antipatia pela outra, e apenas ouvindo (estava escutando no rádio) os argumentos. Dos dois lados, são pífios. Nada se aproveita dali. Se estivesse entre os indecisos, provavelmente anularia meu voto.

O modelo de debate deveria ser baseado, unicamente, em propostas. As perguntas deveriam ser as mesmas para os 2 candidatos, a primeira um responde primeiro, o outro responde em seguida, depois um diz o que não funcionaria na proposta do outro e vice-versa. Depois altera a ordem. Atacou o adversário, e não se limitou, na resposta, a apresentar a proposta ou a dizer por que a proposta do adversário não é boa, ou é inferior à sua, corta o microfone, perde o tempo, não sei, mas pune na hora.

Isto permitira a um indeciso ter base para escolher entre aquilo que julgasse ser melhor para o futuro, escolhendo em cima do que foi proposto e não escolhesse um candidato a partir do medo de escolher o outro, influenciado pela propaganda negativa acerca deste.

Outro efeito colateral deste modelo, este positivo, seria a possibilidade de comparar, durante ou ao término do próximo governo, se ele está cumprindo o que prometeu. No modelo atual, os candidatos somente brigam, acusam, chamam de mentiroso, mas não fazem propostas exceto as genéricas, que não conseguem ser aferidas e comparadas.

E o último principal efeito seria não aumentar os 27% iniciais que não escolheram ninguém. Imagine um quadro onde quase a metade dos eleitores brasileiros não optassem por nenhum dos candidatos?

Abraços,

Henri Coelho

domingo, 10 de agosto de 2014

Obrigado

Ao Pops, meu obrigado neste dia dos pais.

Parte do sucesso na educação dos meus filhos vem de uma cópia do modelo usado por ele na minha educação e dos meus irmãos.

Seguir um modelo que você viu funcionando é o melhor caminho pra não inventar em algo tão importante como este, onde não há segunda chance para voltar atrás e começar de novo, se a primeira tentativa não der certo.

Um obrigado também ao sogrão.

A educação não vem de um modelo somente de um lado do casamento, vem dos dois lados. E se não houver consenso, e predominar a discordância, o resultado final não será bom.

Hoje o obrigado vai para a saudosa parte paterna, para a parte materna fica pra próxima ocasião.

Saudades.

Abraços,

Henri

sábado, 19 de julho de 2014

João Ubaldo Ribeiro e as superstições

Esta semana mais um grande escritor nos deixou: o imortal João Ubaldo Ribeiro. A morte dele me chateou bastante, pois sou fã de seu estilo e de seus textos há bastante tempo. E da sua simplicidade: ele fazia de tudo para não ter que calçar sapatos, e poder andar sempre com suas sandálias havaianas, e falar bastante de sua Itaparica, na BA.

O Pops foi assinante do Estadão por muitos anos, hábito que herdei por um bom período, até que a Internet passou a ser uma fonte de consulta de notícias mais conveniente, quando passei a comprar o jornal nas bancas, normalmente nas edições de domingo. E no Estadão de domingo sempre tinha a crônica do João Ubaldo Ribeiro (que também era publicada no jornal O Globo, do Rio de Janeiro), leitura obrigatória.

E a primeira história que me veio a cabeça, quando soube da morte do escritor, foi uma que ele contou em uma crônica escrita como correspondente do Estadão na Copa do Mundo de 1994 nos EUA. Nesta crônica ele falava de superstição, ligando-a ao futebol, e se mostrava bastante supersticioso, acreditando que, se seguisse seus rituais, a Seleção Brasileira sairia vencedora em todos os jogos da Copa do Mundo.

E nesta crônica ele falava de uma pessoa que deu a descarga, no banheiro, durante um ataque do time Brasileiro que resultou em gol imediato. Depois disso, no restante do jogo e da copa, a cada ataque do Brasil era uma nova descarga, até que a caixa d'água se esvaziasse. O próprio cronista voltou ao tema em uma crônica recente, publicada no Estadão no mês passado, cujo link está a seguir:
Grave Desfalque na Seleção.


Não me considero supersticioso, mas há uma outra história, ligada ao livro A Casa dos Budas Ditosos, de João Ubaldo Ribeiro, que desmente isto. Quando comecei a ler este livro, há mais de 15 anos, uma pessoa da família, muito querida, teve câncer. Precisou passar por algumas cirurgias, se recuperou, e parei de ler o livro, já próximo do fim, pois não combinava com o estado de preocupação de todos na época.

Passado algum tempo, boa recuperação, voltei ao livro, e em seguida, foi descoberto que o tumor voltara e que seria necessário fazer alguns procedimentos complementares para sua erradicação. Faltavam menos de 10 páginas para acabar o livro, que foi novamente interrompido, desta vez em definitivo. Está lá, guardado numa prateleira. E o familiar: totalmente recuperado. Melhor deixar como está.

Pra encerrar, mais um link, desta vez pra uma coluna do Ancelmo Gois, que mostra os originais de um discurso preparado pelo escritor quando foi patrono de uma turma de jornalismo, em 1994. O discurso é bem atual, como são vários dos textos dele, e a mensagem é ótima: Nunca cessem de acreditar no trabalho honesto.

Abraços,

Henri Coelho

quarta-feira, 9 de julho de 2014

Davi e Golias, de Malcolm Gladwell

Malcolm Gladwell é um dos meus autores preferidos: seus livros são escritos de forma a lhe fazerem pensar bastante sobre algum assunto em específico, sobre o qual ele procura apresentar uma série muito grande de dados para provar seu ponto de vista.

Neste livro, Davi e Golias - a arte de enfrentar gigantes, ele cria um modelo que segue em quase todos os capítulos: apresenta um assunto, com todos os detalhes que parecem óbvios para todos, e depois mostra uma série de outros argumentos para te mostrar o que não era tão claro assim, e te permitir chegar a outra conclusão.

Normalmente seus livros são uma miscelânea de assuntos, tendo um fio condutor. No livro atual ele fala desde a história de Davi e Golias, que dá título ao livro, até sobre o holocausto, passando por tópicos sobre o sucesso de um time de basquete treinado por uma pessoa que não entendia nada do jogo, o tamanho das turmas nas escolas, a escolha correta da universidade, os desafios para as pessoas que tem dislexia, os pintores impressionistas, o conflito racial nos EUA, etc. E em vários assuntos desafia o senso comum, embora primeiro faça você acreditar que seus conceitos anteriores estavam absolutamente corretos. O fio condutor: a arte de enfrentar aquilo que lhe parece um gigante, inatingível, insuperável.

Malcolm é um escritor de uma revista americana chamada New Yorker. Já li alguns de seus artigos on line, sofrendo um pouco com o idioma, que são muito interessantes. A sensação, após cada artigo ou capítulo, é a de um escritor que se esforçou muito para pesquisar sobre o assunto em questão, ou seja, o livro não saiu sem muito esforço e dedicação. Claro que há deslizes no livro - há uma nota de rodapé que lhe dá vontade de parar de ler o livro imediatamente, mas considere esta apenas como um choque de neurônios do autor a 200 Km/h e releve, pois o restante vale a pena.

Meu livro favorito de sua autoria é Outliers - Fora de Série. Embora o estilo seja o mesmo, o tema central deste livro é a dedicação, a história que talento somado a muito, muito, muito trabalho, gera um gênio. Neste livro ele mostra a história de vários gênios da humanidade e a combinação de talento e trabalho funcionando maravilhosamente. É um livro muito indicado para todos os jovens que estão começando e acham que muita coisa vai cair do céu.

Neste ponto, lembro do técnico Muricy Ramalho e seu bordão: "Aqui é Trabalho". É bem o que reflete este último livro citado.

E muito do que faltou bem recentemente em uma certa seleção...

Abraços,

Henri Coelho



domingo, 18 de maio de 2014

Falando sobre os SPAMs

Há muito tempo temos os e-mails da Signa hospedados no Google. O serviço do Gmail é muito confiável, raramente tem problemas e por isto escolhemos deixar a hospedagem dos e-mails a cargo deles, deixando de usar os e-mails no mesmo provedor de acesso que usávamos para acessar a Internet.

Mas queria falar aqui sobre os e-mails classificados como SPAM. São os e-mails indesejáveis,
onde alguém descobriu seu e-mail, juntou em uma relação com milhares de outros e vendeu para empresas ou pessoas físicas que ficam anunciando produtos ou tentando dar golpes através de e-mails.

Seu e-mail pode ter sido descoberto de diversas maneiras: você se cadastrou em alguma lista, participou de uma promoção, fez compra em alguma loja virtual, enviou e-mail para algum amigo que enviou para outro, que enviou para outro, numa corrente sem fim, etc. Não é uma informação muito secreta, certo?

O Google tem um filtro que funciona de forma muito boa para SPAM, com uma eficiência que beira os 100%. Não atinge esta marca, mas chega muito próximo disso, e é por isto que ainda perco algum tempo semanal brigando com os SPAM, pois preciso olhar se um e-mail não foi indevidamente classificado como SPAM e escapou da verificação. Isto ainda ocorre, talvez menos de 10 vezes por ano, o que é insignificante no conjunto e-mails recebidos, mas não é insignificante para quem envia aquele e-mail - sem contar que normalmente ocorre para quem lhe envia um e-mail pela primeira vez.

Já li dezenas de recomendações de que não deveríamos pedir para sermos removidos das listas de e-mails indesejáveis. Mas é a única maneira que encontrei para diminuir o número de SPAM. E, as vezes, para e-mails enviados por empresas brasileiras, funciona. Quando o e-mail é enviado por alguma empresa de fora, escrito em inglês, espanhol, ou alguma língua árabe ou oriental que não consigo entender, não adianta, por mais que você peça você não é removido da lista.

Algumas empresas nacionais compram estas listas de e-mails para alguma promoção, ou para aumentar sua base de divulgação, e respeitam a vontade das pessoas que pedem para se não mais receber os e-mails. Em alguns casos cheguei a brigar com algumas empresas, como o grupo Abril, para que me retirassem das suas diversas listas de e-mails, e depois de muita briga, funcionou por um bom tempo.

Se quiser também participar desta briga, algumas dicas:
  • Quando o Gmail avisa que é uma mensagem perigosa, normalmente colocando um cabeçalho em vermelho, não tente clicar em nenhum link dela. Simplesmente exclua a mensagem.
  • Não tente se descadastrar de nenhuma mensagem do seu banco. Aliás, nunca clique em nenhum link de nenhuma mensagem do seu banco, tenha ela ido pra SPAM ou não. Já vi pessoas muito inteligentes terem lapsos ao clicar para atualizar o token, o cartão com chaves de segurança, o browser ou qualquer outra atualização em mensagens supostamente enviadas pelo seu banco.
  • Não tente também sair das listas de mensagens que querem te colocar em correntes financeiras ou te dar fortunas no exterior, não adianta. Aliás, não clique nelas.
  • A maioria das mensagens que o sair da lista é feito pelo envio de um e-mail não funciona.
    Quando é feito por um link, veja se o link não é um ZIP antes de clicar. Algumas empresas pedem que você dê o motivo pelo qual está deixando a lista, normalmente isto indica maior chance de sucesso para sair da lista.
Boa sorte pra quem quiser tentar. Atualmente tenho recebido menos de 100 e-mails de SPAM por dia. Já foram mais de 300.

Abraços,

Henri