quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Motivação só existe pelo dinheiro?

Um assunto que sempre me chamou muito a atenção é a motivação. Tentar imaginar o que motiva alguém a continuar batalhando, a crescer, a sempre estar na busca por algo melhor.

Muitas pessoas, e inclusive eu mesmo já pensei assim, ligam muito a questão da motivação ao dinheiro: trabalho motivado se ganho melhor e, se não estou ganhando bem, não tenho motivação pra trabalhar. Mas será que esta ligação é realmente tão íntima?

E neste assunto uma das coisas que mais me chama a atenção são as pessoas que já estão muito bem sucedidas, e que continuam a trabalhar normalmente com a força daqueles que estão no inicio da carreira. É claro que é mais fácil imaginar uma das forças que motivam a maioria das pessoas que precisam do trabalho pra sobreviver, mais o foco maior da inquietação são as pessoas já resolvidas do ponto de vista financeiro.

Um exemplo fácil vem do esporte: talvez o melhor tenista que já tenha visto jogar, e se manter em alto nível por varias temporadas, seja Roger Federer. A quantidade de títulos de Grand Slam (os quatro maiores torneios do circuito, Aberto da Austrália, Roland Garros em Paris, Wimbledon na Inglaterra e Aberto dos EUA) que ele ganhou é assombrosa: 16 títulos, mais do que qualquer outro tenista masculino. Ele também é líder no ranking de premiação recebida, com mais de 60 milhões de dólares, fora o valor recebido dos patrocinadores.

O que motiva um jogador destes a acordar e passar 8 horas do dia treinando, batendo bola, fazendo academia, deixando de aproveitar todo este dinheiro, depois de todos estes recordes e esta premiação? Ele era conhecido em sua juventude por não se dedicar a qualquer jogo-treino com muito afinco: para os bons tenistas da época era relativamente fácil vencê-lo em um jogo treino, porém a derrota era quase certa num jogo válido por um torneio. Certamente, neste caso, não se trata da motivação financeira.

E o que dizer de um empresário que já trabalha há mais de 30 anos, que colocou sua empresa como a número 1 em seu mercado, e que certamente tem uma condição financeira excelente o suficiente pro resto de sua vida, de seus filhos, de seus netos e assim por diante, e ainda se estressa nas 14 horas diárias de trabalho para cumprir todas as metas que ele mesmo se impôs?

E ainda sobre alguém que, depois de passar pelos 50 anos de idade, tem a força suficiente pra começar uma grande empresa do zero? Isto significa abrir mão de oportunidades de vender uma boa ideia e desfrutar do dinheiro recebido, para em troca se estressar bastante pra que uma startup saia do chão e possa lhe permitir correr atrás de viabilizar outras ideias.

Como disse no início, é difícil saber o que serve de motivação para pessoas como as citadas acima. No último dos três casos até acho que sei, e tem muito mais a ver com o benefício a ser gerado a muitas pessoas com o trabalho realizado e muito pouco a ver com aspectos financeiros. Nos outros casos (não citei o nome das 2 últimas pessoas, mas os casos são reais), mantenho a curiosidade em saber a fonte desta vontade de fazer cada vez mais.

Abraços,

Henri Coelho